CRM-PB Entrevista: Dr Maurílio Onofre Deininger
Em 23 de maio de 2004, foi realizado o primeiro transplante de coração na Paraíba. O cirurgião cardiovascular paraibano, Maurílio Onofre Deininger, foi um dos profissionais da equipe médica e se orgulha de ter feito parte deste momento importante para a Medicina paraibana. Segundo ele, a Paraíba, atualmente, realiza diversos procedimentos cardiovasculares de alta complexidade e com qualidade, em hospitais privados e público (Hospital Metropolitano), com instalações físicas, equipamentos e recursos humanos satisfatórios.
Formado em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em 1986, Residência Médica em Cirurgia Cardiovascular pelo Hospital da Beneficência Portuguesa (São Paulo), Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e pós-doutorando na mesma instituição, Maurílio Onofre, atualmente, trabalha nos hospitais Metropolitano, da Unimed e Memorial São Francisco, além da UFPB.
Na entrevista a seguir, além de falar sobre o primeiro transplante de coração no estado, ele conta como foi a escolha pela profissão, como é a estrutura local para a realização de cirurgias cardiovasculares, quais são os principais procedimentos e ressalta que ainda há uma demanda reprimida de pacientes à espera de cirurgias.
Quando o sr descobriu a sua vocação para a Medicina? E como foi a escolha pela cirurgia cardiovascular?
Descobri a vontade de ser médico desde criança, quando morava na cidade de Alagoa Grande, tinha 5 anos de idade e recebi de presente de aniversário um livro da diretora do colégio onde estudava (D. Araci, Externato D. Pedro II). Era um livro ilustrado, para criança, sobre a história de um médico. Escolhi a especialidade de Cirurgia Cardiovascular após assistir algumas cirurgias cardíacas no Hospital Prontocor, no bairro de Tambiá, em João Pessoa.
O sr fez parte da equipe médica que realizou o primeiro transplante de coração na Paraíba, em 2004. Como foi fazer parte deste momento de pioneirismo no estado?
Realizamos o primeiro transplante cardíaco da paraíba em 23 de maio de 2004, foi um momento histórico, sabíamos da importância e da responsabilidade desse feito. Isso fez com que nos preparássemos da melhor maneira possível, bem como realizamos vários treinamentos e simulações com todos os colaboradores diretamente envolvidos com o procedimento. Após a cirurgia, todos nós sentimos uma grata sensação de dever cumprido e que estávamos abrindo portas, mostrando que, apesar de morarmos em um estado pequeno e pobre, todos nós somos capazes de exercer uma Medicina de qualidade.
Como o sr avalia a estrutura (hospitais, equipamentos, equipe médica) da Paraíba para a realização de cirurgias cardiovasculares?
Atualmente a Paraíba conta com vários hospitais privados e público (Hospital Metropolitano) que realizam cirurgias cardiovasculares de qualidade, são cirurgias de alta complexidade. Isso só é possível graças à estrutura oferecida por esses hospitais, tanto na parte de instalação física, como equipamentos e recursos humanos.
Quais são as principais cirurgias cardiovasculares realizadas na Paraíba? Há uma demanda reprimida?
No nosso estado são realizadas Cirurgias Cardiovasculares em pacientes adultos e pediátricos. Dentre essas cirurgias cardiovasculares, as mais frequentes são: revascularização no miocárdio (“cirurgia de ponte”), tratamento de valvopatias, doenças da aorta, etc. As cirurgias pediátricas são realizadas para tratamento de cardiopatias congênitas, sendo algumas cardiopatias complexas, mesmo em crianças recém-nascidas. Apesar de ser realizado um número considerável de cirurgias cardiovasculares na Paraíba, ainda existe uma demanda reprimida em razão do grande número de pacientes com as mais diversas cardiopatias que necessitam de resolução cirúrgica.
Quais os principais desafios enfrentados pelos médicos para a realização destas cirurgias?
Os desafios enfrentados atualmente são menores dos que enfrentávamos há alguns anos, porém ainda enfrentamos alguns e citaria como maior desafio na atualidade a alta demanda de pacientes.