Por Dr. João Modesto Filho – CRM 973/PB
Na Europa, segundo a Agência Europeia do Meio Ambiente, a exposição à poluição do ar, fumo passivo, raios ultravioletas, produtos químicos e outros poluentes causam mais de 10% dos casos de câncer. Na União Europeia, 2,7 milhões de pessoas são diagnosticadas com câncer todos os anos e 1,3 milhão morrem em decorrência da doença. Esses dados chamam atenção porque o continente europeu, que representa apenas 10% da população mundial, tem 23% dos novos casos e 20% das mortes. Segundo a mesma Agência, os raios ultravioletas, principalmente de origem solar, mas também aqueles provenientes de forma artificial, são responsáveis por quase 4% de todos os casos de câncer, em particular o melanoma, uma forma grave de câncer de pele que aumentou acentuadamente na Europa nas últimas décadas.
Alguns produtos químicos usados em locais de trabalho e liberados no meio ambiente são também cancerígenos. Podem ser citados o chumbo, arsênio, cromo, pesticidas, bisfenol A e substâncias alquiladas per e poli-fluoradas, os quais estão entre os mais perigosos para a saúde, juntamente com o amianto. Em 2021, a OMS estimou que a cada ano, 7 milhões de mortes prematuras no mundo estariam relacionadas à poluição do ar. Essa poluição aumenta por conta do desenvolvimento industrial, do crescimento urbano, da emissão de poluentes dos automóveis e de atividades do ser humano como desmatamento e queimadas, fumaça da queima de combustíveis, queima de madeira, fumaça do tabaco, etc. No entanto, esses números podem diminuir drasticamente a níveis quase negligenciáveis se políticas públicas forem implementadas com rigor, principalmente no combate à poluição.
Por exemplo, o monitoramento contínuo da qualidade do ar, remoção de agentes cancerígenos nos locais de trabalho, adoção de programas de proteção individual, exames médicos periódicos, e outros. Artigo publicado recentemente pelo Prof. Paulo Saldiva, no Jornal da USP, mostrou que níveis de partículas atmosféricas provocados pela queima de combustível fóssil estão relacionados ao desenvolvimento de vários tipos de câncer. Foram avaliadas 1.840 cidades brasileiras e observou-se que um aumento muito pequeno de poluentes, de sete microgramas por metro cúbito, está associado com um aumento de câncer da ordem de 16%, sendo o câncer bucal, de esôfago, de estomago e de pulmão os mais prevalentes. Tudo isso reforça motivos para se controlar as emissões de gases a fim de que possamos preservar a nossa própria saúde.