Campina Grande – Ausência de médicos, falta de laboratórios, centros cirúrgicos com estrutura deficiente e hospitais funcionando sem cadastro no Conselho Regional de Medicina (CRM), são as principais irregularidades que levaram o CRM a interditar 24 unidades de saúde no Estado somente este ano. Desse total, 12 interdições foram feitas em municípios do Sertão paraibano. O número de ações do CRM cresceu 650% em relação à média dos anos anteriores, quando foram realizados um total de 32 fechamentos de hospital num período de 10 anos. Até o final do ano, mais quatro hospitais deverão ser interditados pelo conselho.
De acordo com o chefe de Fiscalização do CRM, Eurípedes Mendonça, a maior parte dos hospitais em funcionamento no Estado, não possuem cadastro no Conselho e funcionam apenas com alvará. Ele disse que os responsáveis pela inadimplência são os gestores municipais que não realizam o cadastro para fugir das fiscalizações do orgão. “ Um hospital não pode funcionar apenas com um alvará, tem que ter registro no CRM, na Vigilância Sanitária e a maioria dos hospitais paraibanos não possuem o cadastro e isso dificulta a fiscalização do CRM. Esses hospitais, espalhados por todo o Estado, funcionam sem a mínima condição, porque as condições são precárias e não atendem as exigências do Ministério da Saúde e colocam a vida dos pacientes em risco”, explicou Eurípedes.
O chefe de Fiscalização afirma que o número de interdições realizado este ano é um dado alarmante, que superou os últimos dez anos. “Em 10 anos, o CRM só tinha interditado 32 hospitais na Paraíba e somente este ano até agora, o número de hospitais e unidades básicas de saúde interditados já chega a 24. É um número muito alto e as denúncias sobre as irregularidades continuam chegando e mais hospitais deverão ser interditados nos próximos dias, em todo Estado, porque as irregularidades são muito graves para o atendimento à população”, destacou Mendonça.
Segundo Eurípedes, embora o CRM notifique os hospitais sobre a interdição e ofereça um período para correção das irregularidades, os gestores das unidades acabam não cumprindo as determinações. “Só interditamos um hospital em último caso, porque sabemos da necessidade da população pelo atendimento nos hospitais. Notificamos os hospitais sobre as necessidades de correção e damos um prazo, mas poucos se corrigem e nós acabamos tendo que interditar temporariamente”, disse Eurípedes.
Das vinte de quatro interdições feitas este ano, 10 foram no Sertão, cinco no Litoral, cinco no Agreste, duas no Cariri e duas na Mata Paraibana. Do total de unidades interditadas, catorze delas ainda permanecem fechadas. “ E as populações desses municípios tem que recorrer a outras cidades para conseguir atendimento, porque até agora, nada foi feito para que as unidades de atendimento médico voltem a funcionar”, afirmou Eurípedes.
População em risco
Conforme Eurípedes Mendonça os hospitais interditados não dispõem de condições adequadas para permanecer em funcionamento. Ele disse que a saúde dos pacientes é colocada em risco, porque em alguns casos, falta comissão de infecção. “Falta tudo, de uma simples ata de reunião até equipamentos para combater casos de infecção. Não tem laboratórios para que sejam feitos exames em pacientes, como analises clínicas, radiologia e pacientes tem que se por muitas vezes, se deslocar para as cidades de Campina Grande e João Pessoa, superlotando os hospitais dessas cidades, por conta de simples exames”, frisou o chefe de fiscalização do CRM.
Unidades interditadas até o dia 06 de novembro
09/02 – Hospital de Santana de Mangueira – Sertão
09/02 – hospital de Igaracy – Sertão
09/02 – Hospital de Aguiar
15/02 – UMS Serra Redonda – Agreste
28/02 – Hospital de Paulista – Sertão
02/05 – Hospital Regional de Patos – Sertão
02/05 – Hospital Noaldo Leite – Patos
11/05 – UTI Protocor – João Pessoa – Litoral
11/05 – USF de Tambiá – João Pessoa – Litoral
18/05 – Hospital de Prata – Cariri
25/05 – Hospital Regional de Itabaiana – Agreste
08/06 – Hospital Padre Alfredo – Cabedelo – Litoral
09/06 – USF do Distrito dos Mecânicos I e II – João Pessoa – Litoral
28/07 – USF Camocim – Pitimbu – Litoral
10/08 – Hospital Frei Damião – Lagoa de Dentro – Agreste
10/08 – USF IV Maria de Lourdes Lins – Tacima – Agreste
01/09 – Hospital e Maternidade Santo Antônio – Gurinhem – Agreste
09/09 – Hospital e Maternidade Nossa Senhora do Carmo – Lastro – Sertão
28/09 – USF Rural – Gado Bravo – Cariri
11/10 – USF Serrinha – Bom Sucesso- Sertão
11/10 – Hospital e Maternidade Mãe Tereza- Jericó –Sertão
15/10 – Hospital e Maternidade São Lucas – Brejo dos Santos – Sertão
07/11 – Hospital e Maternidade Maria do Carmos C. Borges. – Pilar – Mata Paraibana
07/11- USF II – Pilar – Mata Paraibana
Fonte: Correio da Paraíba