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Autor: Dr. João Gonçalves de Medeiros Filho (Pediatra e Presidente do Conselho Regional de Medicina da Paraíba) – jota.medeiros@terra.com.br

Vaiculação: Portal do CRM-PB


Muito louvável e oportuna a campanha “Crack Jamais”, encabeçada pelo Sistema Correio, contando com o apoio de inúmeras instituições, inclusive o nosso CRMPB. A droga, que constitui um subproduto da cocaína é cinco a sete vezes mais potente do que esta e também mais mortífera: induz de imediato à dependência, destrói rapidamente o indivíduo e seu uso vem crescendo de forma assustadora.

No entanto, é forçoso alertar que o Crack representa apenas parcela de uma miríade de substâncias potencialmente dependógenas,algumas ditas lícitas e socialmente aceitas, como o fumo e o álcool, que afetam direta ou indiretamente milhões de brasileiros: ameaçam a sociedade, desestruturam famílias, corrompem, aniquilam os valores éticos, abalam física, social e emocionalmente, ou matam os usuários.

E o que mais preocupa é a forma insidiosa com que vem se infiltrando entre os jovens, muitas vezes nas escolas, graças ao trabalho sorrateiro dos micro ou mini traficantes.

Mas, muito antes disso, o álcool e o fumo já penetram nos lares, através da mídia, fazendo a cabeça da criança que capta a imagem como algo do cotidiano, familiar. Os comerciais de bebidas são muito criativos, inteligentes e sedutores; envolvem pessoas bonitas, bem sucedidas e sorridentes. A criança não tem senso crítico e guarda a imagem de satisfação e alegria associada à bebida. Além disso, é comum, na nossa sociedade , pais e amigos beberem e fumarem na presença dos filhos. Em muitos bares, serve-se bebida alcoólica sem o menor controle ou restrição.

Estudo realizado numa universidade americana revelou que quem fuma ou bebe um drinque por mês, tem dez vezes mais chance de usar drogas ilícitas do que os não-bebedores ou não-fumantes.

Assim, o assédio das drogas começa a ocorrer muito antes de a criança despertar o real interesse por ela.

O problema é muito complexo, pois a dependência é passível de controle, porém é considerada um mal crônico que requer grande esforço, com acompanhamento permanente, envolvimento da família e da sociedade, de grupos de apoio, entre os quais os alcoólicos anônimos, internações e a abordagem cognitivo-comportamental que tem se revelado uma das estratégias mais eficientes.

Se a prevenção é a tônica da medicina moderna, em relação à dependência química ela é crucial. E aqui vão algumas dicas: o diálogo entre pais e filhos é fundamental, sempre se fazendo valer a autoridade dos primeiros, estabelecendo os limites necessários, incutindo-lhes os valores éticos e morais, sem o uso da violência e evitando os erros de amor. É muito importante monitorar o crescimento e o desenvolvimento do seu filho com a ajuda do seu pediatra, e de outros profissionais que se fizerem necessários, inclusive do educador. Acompanhem de perto suas atividades escolares, compareçam às reuniões, dialoguem com os professores, privilegiem as atividades recreativas saudáveis e o esporte, e estimulem os bons hábitos alimentares. Estejam atentos, selecionem as companhias do seu filho e incentivem sua participação em grupos de jovens. E, certamente, com a força de uma sólida estrutura familiar estarão no caminho certo da prevenção!

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