Autor: HELDER ALEXANDRE MENDONÇA DE SOUZA (MÉDICO INTENSIVISTA)
Veiculação: Jornal do Crm-pb
Hoje é domingo.
Dia em que segundo o Gêneses, Deus se deu em merecido descanso após criar os céus e a Terra. É dia de futebol, de praia, de cinema, de “ir ao zoológico dar pipoca aos macacos”, de ir a Igreja, de reunir a família e visitar os amigos.Também é dia da publicação desta coluna.
É deste dia que me utilizo para lançar uma opinião a todos aqueles que coordenam as unidades de terapia intensiva, s UTI’s. Trata-se de um detalhe simples, mas que creio possa acrescentar um ponto neste processo agora chamado de humanização hospitalar.
É sobre o horário das visitas àquelas unidades.Vemos que atualmente já contamos com grande avanço.Temos em João Pessoa serviços em que os internos recebem duas visitas por dia.Quando comecei há pouco mais de 15 anos, em um hospital que trabalhei, a visita era apenas aos domingos.Imaginem o dano psicológico para um paciente gravemente enfermo, mas com preservação do nível de consciência ter que esperar uma semana para se visitado.Sem contar a aflição das famílias.Em muitos casos não chegavam nem a ver seu paciente vivo no leito, pois sua longevidade não alcançava o primeiro dia da semana.
Outro aspecto é o estado nutricional dos pacientes criticamente enfermos.Hoje este tópico adquire uma importância que antes não possuía. Inúmeros avanços têm sido empreendidos em pesquisas e tratamentos com resultados relevantes. É importante a melhoria do estado nutricional dos pacientes críticos face ao alto consumo metabólico que a doença impõe.A doença afeta também o apetite através do estado psicológico de desânimo, de dúvida, de insegurança, de medo, de solidão.Conheço pessoas que têm horror a comer sozinhas. A refeição é um evento profissional, social, romântico e principalmente de família.
Hoje domingo, é dia de reunir a família para almoçar ou jantar.Em nossa casa, na casa da vovó, na casa da sogra, no restaurante.Mas alguém pode estar ausente por estar no hospital.
Imagino os parentes dando o almoço ou o jantar do seu paciente querido.Ajudando-o, estimulando-o, encorajando-o a enfrentar o sabor “comida-de-hospital” e a própria enfermidade em si.Fazendo companhia para não comer só.Antecipando e planejando um breve retorno à mesa da família num almoço de domingo.
Por estas razões sugiro mudar os horários de visita para as horas das refeições.Nenhum contratempo técnico quer médico ou de enfermagem.Além do que, facilita a vida dos familiares que não precisarão deixar o trabalho ou a aula num horário incômodo para visitar os seus.
“Fácil, extremamente fácil”.