Autor: Mariângela de Medeiros Barbosa (Médica pediatra, CRM-PB Nº 3673, NUCCA/PB)
Veiculação: Jornal Correio da Paraíba, edição de 01/06/2005
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estão liderando uma campanha, mobilizando toda a Sociedade Brasileira a abraçar uma causa, absolutamente JUSTA, que é aumentar de 4 para 6 meses a licença maternidade.
Já está pronto um projeto de lei que dispõe sobre a criação do programa Empresa Cidadã, destinado a essa prorrogação, com estímulos e isenções fiscais garantidos a essas Empresas.
E por que é JUSTA essa prorrogação?
Porque constitui-se um contra senso a licença-maternidade de 120 dias (4 meses), assegurada à trabalhadora brasileira, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS), por proposta brasileira, recomenda o aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses de vida.
O pediatra, que está junto a essas mães principalmente nos primeiros meses de vida de seus bebês, sejam eles primeiro, segundo, terceiro ou etc filhos, sabe que, no final do segundo e no curso do terceiro mês de vida, essas mães já ficam ansiosas (e essa ansiedade pode interferir na lactação), solicitando a introdução de outros alimentos na dieta desses bebês, pois é claro que são elas que querem introduzir esses novos alimentos, observarem a sua adaptação, e não deixarem isso a cargo das avós ou das babás.
Devemos também lembrar das gestações de alto risco, quando essa licença-maternidade se inicia bem antes do parto e aí “encolhe” ainda mais no pós-parto.
Além disso, sabemos que, mesmo mães que não amamentam têm assegurado por lei a sua licença. Porque a função precípua dessa lei além de garantir a amamentação é possibilitar o estabelecimento do vínculo afetivo mãe/bebê, mãe/pai/bebê, mãe/bebê/outros filhos, mãe/pai/bebê/outros filhos. Ou seja, a disponibilidade dessa mãe, para que ela possa, de forma tranqüila, interagir com essa família, que com certeza terá como conseqüência um bebê, uma criança e um adolescente mais saudável, mais afetuoso e sereno, que serão refletidos nos adultos que emergirão daí, mais seguros, produtivos e com sua auto-estima garantida, o que deverá por si só diminuir os índices de violência e agressividade na sociedade a médio e longo prazo.
Porque leite, até pode ser oferecido em pó, mas carinho, afeto e a segurança que é passada ao bebê pelo “olhar” materno, isso ainda não se podem oferecer em pó…