Autor: Instituto Nacional de Câncer
Veiculação: http://www.inca.gov.br/estimativa/2006/
As estimativas de incidência para o ano de 2006 no Brasil são apresentadas em detalhe nas tabelas 6 a 69. Para os principais tipos de câncer que são passíveis de prevenção primária (prevenção da ocorrência) ou secundária (detecção precoce), serão feitos alguns comentários.
Câncer de mama
O número de casos novos de câncer de mama esperados para o Brasil em 2006 é de 48.930, com um risco estimado de 52 casos a cada 100 mil mulheres.
Na região Sudeste, o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres com um risco estimado de 71 casos novos por 100 mil. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, este tipo de câncer também é o mais freqüente nas mulheres das regiões Sul (69/100.000), Centro-Oeste (38/100.000) e Nordeste (27/100.000). Na região Norte é o segundo tumor mais incidente (15/100.000).
Comentário :
O câncer de mama permanece como o segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo e o primeiro entre as mulheres.
Como se sabe que fatores hormonais podem estar associados ao aumento de risco do câncer de mama, a prescrição tanto de anticoncepcionais orais, como da terapia de reposição hormonal devem ter, sempre, a relação risco – benefício bem avaliada. Outros fatores de risco, comuns a outros tipos de câncer também estão associados ao câncer de mama como a obesidade pós – menopausa e exposição à radiação ionizante. Porém a prevenção primária deste câncer ainda não é totalmente possível, pois fatores de risco ligados à vida reprodutiva da mulher e características genéticas estão envolvidos em sua etiologia. Estudos têm sido realizados no sentido de validar novas estratégias de rastreamento factíveis para países com dificuldades orçamentárias já que o único método de detecção precoce que, até o momento, mostrou reduzir a mortalidade por câncer de mama foi o rastreamento populacional com mamografia para mulheres com idade entre 50 e 69 anos. No SUS, a prioridade atual é a realização do exame clínico da mama em mulheres que procuram o sistema de saúde por qualquer razão, especialmente àquelas na faixa etária de maior risco. Os mamógrafos disponíveis devem ser prioritariamente utilizados no diagnóstico de mulher com alterações prévias no exame clínico.
Apesar de ser considerado um câncer de relativamente bom prognóstico, se diagnosticado e tratado oportunamente, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas no Brasil, muito provavelmente porque a doença ainda seja diagnosticada em estádios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.
Câncer de pulmão
O número de casos novos de câncer de pulmão estimados para o Brasil em 2006, é de 17.850 entre homens e de 9.320 nas mulheres. Estes valores correspondem a um risco estimado de 19 casos novos a cada 100 mil homens e 10 para cada 100 mil mulheres.
Excluindo-se os tumores de pele não melanoma, o câncer de pulmão em homens é o segundo mais freqüente nas regiões Sul (37/100.000), Sudeste (24/100.000) e Centro-Oeste (16/100.000). Sendo nas regiões Norte (8/100.000) e Nordeste (8/100.000) o terceiro mais freqüente. Para as mulheres é o quarto mais freqüente nas regiões Sul (16/100.000), Sudeste (12/100.000), Centro-Oeste (9/100.000) e Norte (5/100.000), sendo o quinto mais freqüente na região Nordeste (5/100.000).
Comentário :
No mundo, o câncer de pulmão é o que acomete o maior número de pessoas. Na população masculina, o hábito de fumar continua sendo responsável pela maioria dos casos diagnosticados de câncer de pulmão (podendo chegar a mais de 90% em alguns países ou regiões). Nas mulheres, pode-se atribuir cerca de metade dos casos de câncer pulmonar ao tabagismo.
O câncer de pulmão permanece como uma doença altamente letal. A sobrevida média cumulativa total em cinco anos varia entre 13 e 21% em países desenvolvidos e entre 7 e 10% nos países em desenvolvimento.
O fator de risco mais importante para o desenvolvimento do câncer de pulmão é o fumo. Este hábito é capaz de aumentar este risco em 20 a 30 vezes em tabagistas de longa data e em 30 a 50% em fumantes passivos, não existindo nenhuma dose ou quantidade segura para o consumo. As taxas de incidência em um determinado país refletem seu consumo de cigarros.
Câncer de estômago
O número de casos novos de câncer de estômago estimados para o Brasil em 2006 é de 14.970 entre homens e de 8.230 nas mulheres. Estes valores correspondem a um risco estimado de 16 casos novos a cada 100 mil homens e 9 para cada 100 mil mulheres.
Considerando-se o total de tumores, exceto os de pele não melanoma, o câncer de estômago em homens é o segundo mais freqüente nas regiões Norte (11/100.000) e Nordeste (9/100.000). Nas regiões Sul (23/100.000), Sudeste (20/100.000) e Centro-Oeste (13/100.000) é o terceiro mais freqüente. Para as mulheres é o terceiro mais freqüente na região Norte (6/100.000). Na região Nordeste é o quarto mais freqüente (5/100.000). Nas demais regiões, Centro-Oeste (6/100.000), Sudeste (11/100.000) e Sul (11/100.000) é o quinto mais freqüente.
Comentário:
O câncer de estômago continua sendo o terceiro mais freqüente tumor maligno no mundo. Em homens, a incidência, em geral, é duas vezes maior do que em mulheres. A maioria desses tumores continua ocorrendo em países em desenvolvimento.
A diminuição na incidência de câncer de estômago tem sido observada em vários países, e pode ser explicada por reduções nas taxas de prevalência de fatores de risco.
Métodos de rastreamento para detecção precoce de lesões têm sido usados no Japão, país com altíssima incidência da doença, e mesmo assim com grande gasto de recursos e resultados controversos. Programas de erradicação de H. pylori em larga escala, através de antibiótico terapia têm mostrado efetividade questionável, além do fato de que um número muito grande de indivíduos tem a infecção, mas apenas uma parcela muito pequena deles desenvolverá câncer.
Câncer do colo do útero
O número de casos novos de câncer de colo do útero esperados para o Brasil em 2006 é de 19.260, com um risco estimado de 20 casos a cada 100 mil mulheres.
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de colo do útero é o mais incidente na região Norte (22/100.000). Nas regiões Sul (28/100.000), Centro-Oeste (21/100.000) e Nordeste (17/100.000) representa o segundo tumor mais incidente. Na região Sudeste é o terceiro mais freqüente (20/100.000).
Comentário:
O câncer de colo do útero é o segundo mais comum entre mulheres no mundo sendo responsável, anualmente, por cerca de 471 mil casos novos e pelo óbito de, aproximadamente, 230 mil mulheres por ano. A incidência por câncer de colo de útero torna-se evidente na faixa etária de 20 a 29 anos e o risco aumenta rapidamente até atingir seu pico geralmente na faixa etária de 45 a 49 anos. Quase 80% dos casos novos ocorrem em países em desenvolvimento onde, em algumas regiões, é o câncer mais comum entre as mulheres.
Em países desenvolvidos, a sobrevida média estimada em cinco anos varia de 59 a 69%. Nos países em desenvolvimento os casos são encontrados em estádios relativamente avançados e, conseqüentemente, a sobrevida média é de cerca de 49% após cinco anos. A média mundial estimada é de 49%.
O principal agente causal deste câncer é o vírus do papiloma humano, transmitido sexualmente, sendo mais prevalente em mulheres com iniciação sexual precoce, e com múltiplos parceiros. Outros fatores são o tabagismo e o uso de anticoncepcionais orais. É estimado que uma redução de cerca de 80% da mortalidade por este câncer pode ser alcançada através do rastreamento de mulheres na faixa etária de 25 a 65 anos com o teste de Papanicolau e que lesões precursoras com alto potencial de malignidade ou carcinoma “in situ”. Para tanto é necessário submeter, ao rastreamento, as mulheres com até 49 anos, apenas uma vez a cada três anos e a cada cinco anos para mulheres entre 50 e 65, além de garantir a organização, integralidade e a qualidade do programa de rastreio.
Câncer de próstata
O número de casos novos de câncer de próstata estimados para o Brasil em 2006 é de 47.280. Estes valores correspondem a um risco estimado de 51 casos novos a cada 100 mil homens.
O câncer de próstata é o mais freqüente em todas as regiões entre o total de tumores, exceto pele não melanoma, com risco estimado de 68/100.000 na região Sul, 63/100.000 na região Sudeste, 46/100.000 na região Centro-Oeste, 34/100.000 na região Nordeste e, 22/100.000 na região Norte.
Comentário :
No mundo, o número de casos novos diagnosticados de câncer de próstata representa 15,3% de todos os casos incidentes de câncer em países desenvolvidos e 4,3% dos casos em países em desenvolvimento. O câncer de próstata é o mais prevalente em homens.
Entre todos os tipos de câncer, este é considerado o câncer da terceira idade, uma vez que cerca de 75 % dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. O aumento acentuado nas taxas de incidência tem sido influenciado pelo diagnóstico de casos latentes em indivíduos assintomáticos. As taxas aumentaram especialmente em regiões onde o rastreamento através do teste Antígeno Prostático Específico (PSA) é comum.
A mortalidade por câncer de próstata é relativamente baixa, o que reflete, em parte, seu bom prognóstico. Nos países desenvolvidos a sobrevida média estimada em cinco anos é de 64% (variando entre 22 e 79%); enquanto que, para os países em desenvolvimento a sobrevida média é de 41% (entre 39 e 43%). A média mundial estimada é de 58%.
Alguns estudos sugerem que dieta rica em gorduras e carne vermelha aumentaria o risco de desenvolver o câncer de próstata, enquanto a ingestão de frutas e vegetais e exercício físico regular ofereceriam alguma proteção.
Os métodos de rastreamento disponíveis atualmente, como o PSA, não mostraram, até o momento, sucesso em reduzir a mortalidade, além de levarem a muitas cirurgias desnecessárias, causando prejuízos tanto financeiros, quanto na qualidade de vida dos pacientes.
Câncer de cólon e reto
O número de casos novos de câncer de cólon e reto estimados para o Brasil em 2006 é de 11.390 casos em homens e de 13.970 em mulheres. Estes valores correspondem a um risco estimado de 12 casos novos a cada 100 mil homens e 15 para cada 100 mil mulheres.
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de cólon e reto em homens é o quarto mais freqüente nas regiões Sul (22/100.000), Sudeste (17/100.000) e Centro-Oeste (10/100.000). Nas regiões Nordeste (4/100.000) e Norte (3/100.000), ocupam a quinta e sexta posição, respectivamente. Para as mulheres é o segundo mais freqüente (21/100.000) na região Sudeste, o terceiro nas regiões Sul (22/100.000), Centro-Oeste (10/100.000) e Nordeste (5/100.000), enquanto na região Norte (4/100.000) ocupa a quinta posição.
Comentário:
No mundo, os tumores malignos que acometem o cólon e o reto a cada ano somam cerca de 945 mil casos novos, sendo a quarta causa mais comum de câncer no mundo e a segunda em países desenvolvidos.
O prognóstico desse tipo de câncer pode ser considerado de moderado a bom, sendo o segundo tipo de câncer mais prevalente no mundo (depois do câncer de mama), com uma estimativa de 2,4 milhões de pessoas vivas diagnosticadas nos últimos cinco anos. A sobrevida média mundial estimada é de 44%.
O alto consumo de frutas, vegetais frescos, cereais e peixe, baixo consumo de carnes vermelhas e processadas e de bebidas alcoólicas bem como a prática de atividade física está associada a um baixo risco de desenvolver câncer coloretal.
A detecção precoce de pólipos adenomatosos coloretais (precursores do câncer de cólon e reto) e de tumores localizados é possível e tem mostrado efetividade em outros países através de pesquisa de sangue oculto nas fezes e métodos endoscópicos, porém mesmo em países com recursos abundantes como os EUA, têm se encontrado dificuldades na realização de avaliação diagnóstica com exames endoscópicos em pacientes com presença de sangue oculto nas fezes, impossibilitando a implantação de rastreamento populacional.
Câncer de pele
O número de casos novos de câncer de pele não melanoma estimados para o Brasil em 2006 é de 55.480 casos em homens e de 61.160 em mulheres. Estes valores correspondem a um risco estimado de 61 casos novos a cada 100 mil homens e 65 para cada 100 mil mulheres.
O câncer de pele não melanoma é o mais incidente em homens em todas as regiões do Brasil, com um risco estimado de 89/100.000 na região Sul, 70/100.000 na região Sudeste, 52/100.000 na região Centro-Oeste, 44/100.000 na região Nordeste e 30/100.000 na região Norte. Nas mulheres é o mais freqüente nas regiões Sul (93/100.000), Centro-Oeste (73/100.000), Nordeste (50/100.000) e Norte (32/100.000); enquanto que, na região Sudeste (69/100.000) o mesmo é o segundo mais freqüente.
Quanto ao melanoma, sua letalidade é elevada, porém sua incidência é baixa (2.710 casos novos em homens e 3.050 casos novos em mulheres). As maiores taxas estimadas em homens e mulheres encontram-se na região Sul.
Comentário:
O câncer de pele não melanoma continua sendo o mais incidente em nosso país em ambos os sexos mesmo considerando-se que estes índices podem estar subestimados pelo fato de que muitas lesões suspeitas são retiradas sem diagnóstico. Embora de baixa letalidade, em alguns casos pode levar a deformidades físicas e ulcerações graves, conseqüentemente, onerando os serviços de saúde. É quase certo que exista um considerável sub-registro devido ao sub-diagnóstico e também por ser uma neoplasia de excelente prognóstico, com taxas altas de cura completa, se tratada de forma adequada e oportuna. Conseqüentemente, as estimativas das taxas de incidência e dos números esperados de casos novos em relação a este tipo de câncer devem ser consideradas como estimativas mínimas.
O melanoma de pele é menos freqüente do que os outros tumores de pele (basocelulares e de células escamosas), porém sua letalidade é mais elevada. Tem-se observado um expressivo crescimento na incidência deste tumor em populações de cor de pele branca. Quando os melanomas são detectados em estádios iniciais os mesmos são curáveis.
O prognóstico desse tipo de câncer pode ser considerado bom, se detectado nos estádios iniciais. Nos últimos anos houve uma grande melhora na sobrevida dos pacientes com melanoma, principalmente devido à detecção precoce do mesmo. Nos países desenvolvidos a sobrevida média estimada em cinco anos é de 73%, enquanto que, para os países em desenvolvimento a sobrevida média é de 56%. A média mundial estimada é de 69%.
A prevenção do câncer de pele, inclusive os melanomas, inclui ações de prevenção primária por meio de proteção contra luz solar, que são efetivas e de baixo custo. A educação em saúde, tanto para profissionais quanto para a população em geral, no sentido de alertar para a possibilidade de desenvolvimento de câncer de pele e de possibilitar o reconhecimento de alterações precoces sugestivas de malignidade, é outra estratégia internacionalmente aceita.
Tumores Infantis
Estima-se que no ano de 2006 ocorrerão 472.050 casos novos de câncer no Brasil. Uma vez que o percentual dos tumores infantis observados nos RCBP brasileiros variou entre 1 e 4%, depreende-se que os tumores infantis deverão corresponder a valores compreendidos aproximadamente entre 4.700 e 19.000 casos novos.
Comentário:
Enquanto os tumores nos adultos estão, em geral, relacionados à exposição a vários fatores de risco como o tabagismo, estilos de vida, alimentação, ocupação e agentes carcinógenos específicos, as causas associadas a grande maioria dos tumores infantis ainda são desconhecidas. Sabe-se ainda que, do ponto de vista clínico, os tumores infantis apresentam menores períodos de latência, em geral crescem rapidamente e são mais invasivos, porém respondem melhor ao tratamento e são considerados de bom prognóstico. A taxa de sobrevida média cumulativa em cinco anos nos Estados Unidos para tumores infantis é de 77%.
O câncer infantil representa cerca de 0,5 a 3% de todas as neoplasias na maioria das populações, em geral, a incidência total de tumores malignos na infância é maior no sexo masculino. A Leucemia Linfóide Aguda (LLA) é o câncer de maior ocorrência em crianças, particularmente de 3 a 5 anos. Entre os Linfomas, o mais incidente na infância é o Linfoma não-Hodgkin. Os tumores de sistema nervoso, que predominam no sexo masculino, ocorrem principalmente em crianças menores de 15 anos, com um pico na idade de 10 anos, e representam cerca de 20% dos tumores infantis. Os tumores ósseos têm sua maior ocorrência nos adolescentes. O retinoblastoma é responsável por cerca de 2% dos tumores infantis.
OBS: Veja maiores detalhes no site do INCA