Sempre no dia dessa aula a professora já sabia: das mãos dos outros meninos poderia sair qualquer peça, mas de Oswaldo Travassos com certeza iria sair mais uma peça de madeira em forma de óculos. \”Para resumir, em 1969 me formei em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), profissão que exerço até hoje\”, diz hoje o médico Oswaldo Travassos, um dos mais respeitados do Brasil na área de Oftalmologia. Mas o doutor Oswaldo Travassos não é um simples médico desse que a gente encontra em qualquer Posto de Saúde da Família em qualquer cidade do Brasil. Ele é, acima de tudo, um cientista, que ocupa boa parte do seu tempo na invenção de aparelhos que possam melhorar a vida das pessoas na área da Oftalmologia. Formado pela UFPB, fez mestrado e quando concluiu os estudos na Paraíba queria se especializar cada vez mais em sua área. Acabou indo morar em Belo Horizonte, onde fez um doutorado em Oftalmologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Sua tese foi uma revolução para a época. Preocupado com os problemas da visão que atingem boa parte da população brasileira, ele falou pela primeira vez no Brasil em transplante de córnea e defendeu sua tese sobre o assunto, sendo aprovado com louvor pela banca examinadora da UFMG. Depois disso ele voltou à Paraíba e tornou-se professor titular da cadeira de Oftalmologia da UFPB, onde também é livre docente com tese sobre a área da visão binocular. É, também, membro titular da Comissão Científica da Academia Paraibana de Medicina e membro titular do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Sua vida é dividida entre o trabalho no consultório instalado na Avenida Epitácio Pessoa, em João Pessoa, e as muitas viagens que faz para cidades brasileiras e para o exterior, onde profere palestras na área da Oftalmologia. Nessas palestras, quando o doutor Oswaldo fala, faz-se um silêncio só visto nos mosteiros beneditinos. Os novos e velhos médicos o escutam como um Papa da Oftalmologia. E não é para menos. Foi ele quem fez a introdução na área médica da câmera de vídeo transformada em oftalmoscópio para documentação do fundo do olho. Seu invento revolucionou tanto a Medicina da época, que no dia 25 de novembro de 1981 a revista Veja fez matéria de duas páginas com o invento do paraibano. Cinco anos depois o doutor Oswaldo Travassos foi aos Estados Unidos apresentar mais uma de suas invenções. Desta vez ele apresentou o Auto-Oftalmoscópio, um aparelho para o oftalmologista ver seu próprio fundo de olho. Essa invenção foi mostrada pela primeira vez na Fundação de Retina em Boston, nos Estados Unidos por ocasião do \”Sixteenth Annual Course Pratical\”, em 1987. É também do médico Oswaldo Travassos a invenção do sistema para filmar a biomicroscopia ocular e vê-la em terceira dimensão em um visor. Mais uma vez o doutor Oswaldo foi destaque na imprensa nacional. Desta vez foi o jornal O Globo, do Rio de Janeiro, que dedicou generoso espaço a descoberta desse paraibano genial. Também é do seu laboratório de invenções o sistema anti-ofuscante para eliminar o ofuscamento nas estradas e foi apresentado em congressos de Medicina e destacado pelo jornal Folha de São Paulo e no Jornal Nacional, da Rede Globo. Pesquisador dedicado, o médico Oswaldo Travassos não dedica seu tempo apenas a consultas médicas em seu consultório, que é procurado por gente do país inteiro. Assim ele construiu uma lente feita de gelo para demonstrar na prática os riscos dos sistemas focais e possíveis fototraumatismos retinianos (queimadura da retina) aos que se expõem ao Sol inadequadamente ou a fortes luminosidades. Esse invento foi apresentado no Congresso de Prevenção da Cegueira e foi destaque no Jornal do Brasil e da edição de número 143 da revista Época, em 2001. Um homem além do seu tempo O médico Oswaldo Travassos é um homem preocupado com a Medicina e diz que procura se atualizar todos os dias lendo jornais, revistas e publicações atualizadas. \”O médico tem que se atualizar para aprender mais na sua área e ajudar ao próximo\”, diz ele. Mas ele diz que se sente um homem inconformado com a Medicina que não cura. E cita o caso do diabetes, do glaucoma, da hipertensão arterial e lembra que o paciente com essas doenças passa a ser um escravo da doença, tomando remédio a vida inteira. Ele diz que cita o diabetes porque a doença tem ligações com a Oftalmologia. \”Muitos portadores de diabetes chegam a cegar por conta da pressão que a doença exerce no campo da visão. Os vasos do fundo do olho adoeciam e isso acabava provocando a perda da visão\”, afirma o doutor Oswaldo Travassos. Segundo o médico, um dos maiores causadores de cegueira é o glaucoma. Ele explica que as pessoas não sentem a doença durante um certo tempo, a pressão interna do olho continua aumentando e acaba exercendo uma pressão muito grande no nervo óptico. \”Quando acontece esse sofrimento do nervo óptico ele é irreversível\”, afirma. Há luz no fim do túnel O doutor Oswaldo Travassos faz uma previsão otimista sobre o futuro da humanidade no campo da visão. A previsão é assustadora. Num futuro não muito distante o homem não vai precisar do olho para enxergar. \”O cristalino para o nosso olho funciona como se fosse uma lente de uma câmera fotográfica. É uma lente potente, em torno de 20 graus, e focaliza as imagens no interior do olho\”, observa o médico. Conforme a teoria do doutor Oswaldo Travassos, nós enxergamos porque o nosso olho focaliza as imagens e através do nervo óptico das vias ópticas é que a imagem chega no cérebro. \”Na realidade nós enxergamos pelo cérebro\”, atesta. Segundo a previsão dele, num tempo não muito distante a visão vai se tornar independente dos olhos. Um chip colocado no interior do olho vai enviar as imagens para o cérebro e partir daí estará definida a visão. Experiências feitas nos Estados Unidos e em Portugal já avançaram bastante nesse campo e pessoas cegas que tiveram o chip implantado no olho já conseguem ver imagens embaçadas. Para ele, esse é um avanço muito grande no campo da Oftalmologia, porque a humanidade não precisará do olho para enxergar.

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