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Nesta sexta-feira (14 de janeiro) teve início no Brasil a vacinação das crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19, na cidade de São Paulo. O imunizante da pfizer foi aprovado pela Anvisa em 16 de dezembro do ano passado e, durante quase 30 dias, várias informações falsas e verdadeiras sobre a vacinação para este grupo etário foram difundidas. Diante disso, a pediatra Maria do Socorro Martins, eleita em dezembro passado para presidir a Sociedade Paraibana de Pediatria, vem esclarecendo dúvidas e disseminando informações científicas, úteis e de qualidade para combater as fakenews e diminuir as incertezas da população.

“Existe uma resistência pelos grupos antivacina, traduzido em disseminação de fakenews, que precisam ser descontruídas com informação. A vacinação pediátrica licenciada no Brasil cumpriu todo o rigor técnico e científico exigido para a sua liberação”, explica a pediatra. Além de presidir a Sociedade Paraibana de Pediatria, Socorro Martins é presidente do Comitê de Imunizações da Sociedade Paraibana de Imunizações, membro do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, delegada do CRM-PB em Campina Grande, médica pediatra da Universidade Federal de Campina Grande e professora da Unifacisa.

Na entrevista a seguir, ela cita as principais notícias falsas disseminadas nas redes sociais sobre o assunto e explica o que é verdadeiro, fala também sobre a importância de ampliar a cobertura vacinal, segurança das vacinas, os riscos das aglomerações, além dos planos na sua gestão frente à Sociedade Paraibana de Pediatria.


As Sociedades Brasileiras de Pediatria, de Imunizações e de Infectologia já tornaram público seus pareceres favoráveis à vacinação de crianças de 5 a 11 anos com o imunizante da Pfizer/BioNTech. Quais os principais benefícios da imunização dessa faixa etária?

A vacinação pediátrica traz um grande benefício e impacto para a saúde pública, com a proteção direta e individual da criança contra as sequelas, as formas graves e óbito ocorridos pela doença. Ela também garante um retorno seguro para as suas atividades presencias, escolares e sociais, como também oferece um benefício indireto, diminuindo a circulação comunitária do vírus e a transmissão para seus familiares e conviventes, pertencentes aos grupos de risco. Além disso, ajuda a ampliarmos as coberturas vacinais para o controle efetivo da pandemia.


Há algum motivo para os pais temerem vacinar suas crianças contra a covid? Quais as principais fakenews sobre este assunto e que precisam ser melhor explicadas para a população?

A vacinação pediátrica de RNA mensageiro, licenciada no Brasil, cumpriu todo o rigor técnico e científico exigido para o seu licenciamento e liberação. Os estudos publicados evidenciaram excelente resposta imunológica das crianças, com eficácia de 90% e um bom perfil de segurança, inclusive, superior às outras faixas etárias, onde 98% das crianças apresentaram apenas eventos adversos leves, semelhantes aos observados nas demais vacinas de rotina. Existe uma resistência pelos grupos antivacina para a vacinação das crianças, traduzido em disseminação de fake news, com o objetivo de deixar as famílias inseguras, descrentes às vacinas e hesitantes à vacinação. Temos algumas fakenews que estão sendo diuturnamente disseminadas nas redes sociais e vou esclarecer cada uma delas:

1- Criança não precisa ser vacinada, pois a doença sempre é leve, nunca há necessidade de hospitalização e não observamos óbitos. Isso é fake! Era uma percepção do início da pandemia, pois normalmente as crianças eram acometidas com a forma leve da doença. Porém, com o avanço da pandemia e o surgimento das novas variantes, começamos a observar um agravamento da doença, hospitalização e morte neste grupo infantil.

2 – A vacina é experimental. Fakenews bastante divulgada! Como já falamos inicialmente, a vacina cumpriu todas as exigências dos estudos clínicos (fase 1, 2 e 3), inclusive já estamos na fase 4 de fármaco vigilância. A vacina contra a covid foi licenciada pelos principais órgãos sanitários regulatórios internacionais e pelo nosso órgão nacional, que é a Anvisa e que segue todo o rigor técnico.

3 – A proteína é tóxica e pode danificar os demais órgãos da criança e atacar seu sistema imunológico. Isso é fake! Inclusive, o RNA mensageiro leva o código genético de apenas uma parte da proteína. O que vai estimular o organismo não é toda a proteína. Não existem trabalhos que mostrem isso, que a proteína seja tóxica, isso não existe.

4 – Mais uma fakenews: o RNA mensageiro será incorporado ao DNA da célula, desencadeando mutações genéticas, doenças autoimunes e câncer. Isso é fake. O RNA mensageiro leva o código genético de uma parte da proteína spike, que é liberado no citoplasma da célula, que vai utilizar o maquinário existente nesse citoplasma para fazer essa transcrição genética para um pedaço da proteína spike, que será apresentada às células do sistema imunológico e estimulará a produção de anticorpos e células T de memória. Em seguida, esse RNA mensageiro será degradado, ele não irá em nenhum momento ao núcleo da célula. Em poucas horas, ele não existe mais. Ele é um RNA sintético.


Qual o posicionamento da Sociedade de Pediatria quanto à imunização de crianças com a coronavac? O Instituto Butantan já fez o pedido do uso desta vacina à Anvisa e aguarda a avaliação do órgão.

Estamos aguardando a apresentação do restante da documentação do Butantan, exigido pela Anvisa, para a submissão da vacina e seu licenciamento aqui no Brasil para o grupo pediátrico.


Apesar de alguns movimentos antivacina no Brasil, grande parte da população aderiu à campanha e vem se imunizando contra a covid. A sra acredita que acontecerá a mesma adesão na vacinação infantil?

Sim, temos em nosso país uma grande cultura vacinal e um dos maiores programas públicos de imunização do mundo, tanto pelo seu robusto portfólio de vacinas, oferecido em seu calendário, quanto por ser referência por sua alta cobertura vacinal, com controle e erradicação de muitas doenças imunopreveníveis. Trazendo uma boa comunicação à população, através dos veículos de comunicação, com transparência, principalmente relacionada com a fármaco vigilância de eventos adversos e mostrando os benefícios da vacinação e os resultados obtidos nos países que já iniciaram a vacinação desse grupo, com certeza, teremos uma boa adesão da população.


Com o afrouxamento das medidas sanitárias e aglomerações, teremos uma nova onda da pandemia no país? Para a sra, os não vacinados, inclusive as crianças, podem ser os mais atingidos?

Como a variante ômicron tem altíssima transmissibilidade, haverá uma disseminação predominante para o acometimento dos grupos de maior vulnerabilidade, que serão os não vacinados, entre eles a nossas crianças, além das pessoas que não apresentam uma boa resposta imunológica às vacinas, como os idosos ou as pessoas que possuem comprometimento por imunossupressão, seja por doenças ou por medicamento.

Recentemente, a sra foi eleita presidente da Sociedade de Pediatria da Paraíba. Quais são seus principais planos para a gestão?

Pretendemos dar continuidade ao projeto de interiorização da pediatria, colocando a Sociedade Paraibana de Pediatria o mais perto do pediatra, procurando atender as suas necessidades em diferentes localidades e momentos, trazendo o conhecimento científico sempre atualizado, através de publicações em nossas redes sociais, capacitações, cursos, congressos e etc. Também iremos apoiar e desenvolver junto a gestores, projetos sociais voltados à assistência das crianças impactadas fisicamente e mentalmente, principalmente aquelas que se encontram em situações de mais vulnerabilidade, e sofreram todo tipo de abusos e violências domésticas, decorrentes da pandemia. Outra meta da nossa gestão será identificar e conscientizar os gestores sobre os principais problemas relacionados à assistência das crianças e adolescentes, sugerindo soluções para a implantação de políticas públicas resolutivas.

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