CRM-PB Entrevista: Guilherme Augusto Teodoro Athayde

 

O arritmologista é o cardiologista especialista que trata dos distúrbios do ritmo cardíaco, que podem variar de condições benignas àquelas que ameaçam a vida. Foi esta especialidade que atraiu o médico Guilherme Athayde, formado em Medicina na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com residência em Cardiologia pelo Instituto Dante Pazzanese (SP), especialista em Arritmias Cardíacas pelo Instituto do Coração da USP e título de proficiência em Arritmias Cardíacas pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas. “O estudo do eletrocardiograma sempre me fascinou. A escolha pela Cardiologia foi algo natural e, na residência, o amor pelo estudo das arritmias se potencializou”, afirma.

 

Atualmente, trabalha na Urgência Cardiológica do Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, em Santa Rita e na UTI Cardiológica do Hospital ProntoVida, além de ser professor de Cardiologia do Unipê e preceptor da residência de Cardiologia do Hospital Universitário Nova Esperança. Na entrevista a seguir, ele fala sobre as principais arritmias, sintomas, origem, além das consequências da covid para a saúde do coração.

 

O sr tem formação em Arritmologia, uma subespecialidade da Cardiologia. O que levou o sr a fazer esta escolha e qual importância deste especialista?

O estudo do eletrocardiograma, exame fundamental para o entendimento do sistema elétrico do coração, sempre me fascinou, desde a minha graduação. A escolha da Cardiologia como especialidade foi algo natural e, dentro da residência médica, no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia em São Paulo, o amor pelo estudo e tratamento das arritmias só se potencializou. O arritmologista trata dos distúrbios do ritmo cardíaco, ou arritmias, que podem variar desde condições muito benignas, que necessitam apenas de acompanhamento, até mesmo àquelas ameaçadoras à vida. Além disso, este profissional realiza a programação e faz ajustes para o bom funcionamento de dispositivos cardíacos eletrônicos, como os marca-passos.

 

O que são as arritmias cardíacas? Sempre estão ligadas a alguma patologia?

As arritmias cardíacas são desordens do ritmo cardíaco, seja mais rápido que o normal, sendo chamadas de taquicardias (ou taquiarritmias), seja para mais lento, conhecidas como bradicardias (ou bradiarritmias). Estas condições podem ter origem genética, isto é, existirem por alterações na formação ou condução do impulso elétrico desde o nascimento, ou podem surgir durante a vida, a depender de fatores de risco. Nem toda arritmia precisa ser tratada. Por exemplo, atletas podem ter o coração mais lento que o normal, pelo seu melhor condicionamento físico, sem implicar em doenças, assim como pessoas jovens podem ter a frequência cardíaca pouco mais elevada, sem representar patologias. Contudo, cabe ao arritmologista avaliar cada caso, estabelecendo o diagnóstico e guiando o tratamento.

 

Quais são os principais sintomas das arritmias? Quando o paciente deve procurar o arritmologista?

Os principais sintomas das arritmias cardíacas são as palpitações, ou a sensação de sentir os batimentos cardíacos; os desmaios, conhecidos como síncopes; e a dor no peito. Além disso, em casos mais raros, a primeira manifestação das arritmias pode ser a de uma parada cardiorrespiratória, principalmente naqueles que têm arritmias malignas, relacionadas a doenças na estrutura do coração. Em caso de sintomas de palpitações frequentes ou sustentadas, desmaios, ou até mesmo com a sensação de irregularidade, aceleração ou batimentos lentos, o arritmologista deve ser consultado, para a avaliação do paciente, análise das implicações que aquela arritmia pode ter na vida do doente e formulação de um plano de tratamento.

 

Quais as arritmias mais frequentes e quem são os pacientes mais acometidos por elas?

As arritmias mais frequentes são as extrassístoles e a fibrilação atrial. As extrassístoles são batimentos além do ritmo normal cardíaco, gerados em locais fora do sistema normal de condução do coração. Elas podem ocorrer em pacientes sem nenhuma doença cardíaca, sendo de bom prognóstico, requerendo tratamento para a melhora da qualidade de vida; ou podem estar associadas a doenças na estrutura do coração, como naqueles que já tiveram infarto agudo do miocárdio previamente. Neste último caso, estas arritmias geram pior prognóstico para os pacientes e seu tratamento ocorre em paralelo com a doença de base. Já a fibrilação atrial é a arritmia sustentada mais frequente. Ela ocorre por alterações nas contrações dos átrios, devido à geração de múltiplos curto-circuitos, principalmente no átrio esquerdo, deflagrados por células com atividade aumentada, localizadas em geral nas veias pulmonares. A fibrilação atrial acontece mais em idosos, naqueles que têm problemas nas válvulas cardíacas, que já têm insuficiência cardíaca ou que já infartaram. Entretanto, recentemente, novos fatores de risco vêm sendo estudados, como a obesidade, a apneia do sono e a hereditariedade.

 

Quais as consequências da covid-19 para o coração? O sr tem observado sequelas cardíacas em pacientes que tiveram a infecção pelo coronavírus?

A epidemia da Covid-19 trouxe consigo, além de graves consequências pulmonares, acometimentos cardíacos diversos. Dentre eles, podemos citar o risco aumentado de eventos tromboembólicos, principalmente durante a infecção e nos primeiros dias após, um elevado número de miocardites (inflamação do músculo cardíaco), além de arritmias diversas, como uma maior propensão ao desenvolvimento de fibrilação atrial, de extrassístoles e bradicardias durante o período inflamatório. Existem pacientes que desenvolvem sequelas, desde as mais brandas (em sua maioria), até mesmo aqueles que evoluem com insuficiência cardíaca e precisam de tratamento contínuo. Novamente, em especial nos casos mais graves de Covid-19, o cardiologista deve ser consultado e avaliar o risco de o paciente apresentar tais complicações.

 

 

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