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Por Dr. João Modesto Filho

MÉDICO CRM-PB 973

Endocrinologista RQE 1026

 

No Congresso Europeu de Diabetes, realizado em Madrid, Espanha, em setembro de 2024, um dos temas apresentados foi relacionado a doenças neurodegenerativas, como as doenças de Alzheimer e de Parkinson, e o tratamento do diabetes. Sabe-se, desde há muito, que o diabetes é um fator de risco para doenças neurodegenerativas, com um risco aumentado em 50% de demência nos grandes estudos até agora realizados. Diabetes e Alzheimer estão relacionados com a idade e com o aumento da incidência e da prevalência ao longo do envelhecimento. A Doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência em idosos.

 

Um dos tratamentos mais recentes do diabetes Tipo 2, que ocorre mais em adultos, é o emprego de um grupo de substâncias conhecidas como inibidores de SGLT2 (inibidores do cotransportador sódio-glicose), cujo mecanismo de ação é induzir a perda de glicose pela urina.

 

Em muitos casos de diabetes, esses inibidores se constituem, atualmente, na primeira escolha para tratamento dessa afecção e, além do controle da glicemia, possuem outras funções benéficas relacionadas a obesidade, disfunções cardíacas, esteatose hepática, doenças renais e doenças neurodegenerativas, entre outras.

 

Embora a eficácia do iSGLT2 em doenças neurodegenerativas não esteja bem estabelecida, o trabalho apresentado no Congresso teve como objetivo analisar a associação do uso desses inibidores e os riscos de doenças neurodegenerativas, particularmente doença de Alzheimer, demência vascular e doença de Parkinson em pacientes com diabetes tipo 2.

 

Dos 358.862 participantes pesquisados, que tinham idade média de 57,8 anos, sendo 57,9% do sexo masculino, ocorreram 6.837 casos de demência ou doença de Parkinson. O uso de iSGLT2 foi associado a uma redução no risco de Alzheimer em 19%, de demência vascular em 31,5%, e de Parkinson em 20%. Esses resultados não foram afetados por idade, sexo, índice de massa corporal (IMC), pressão arterial, glicose, infecção, perfil de gordura no sangue, função renal, complicações diabéticas, comorbidades etc.

 

Evidentemente, novos estudos se seguirão a este, mas os dados ora apresentados já sinalizam para desfechos satisfatórios com o uso dos iSGLT2 em diabéticos, particularmente nos casos de doenças neurodegenerativas.

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