Autor: S. Frileux; C. Lelièvre; M.T.Muñoz Sastre; E. Mullet; P.C. Sorum, Comentado por Marcos de Almeida (Marcos de Almeida, Professor do Departamento de Medicina Legal da Unifesp/EPM)

Veiculação: Journal of Medical Ethics 2003, 29: p. 330-336.


Resumo/comentário:

O trabalho teve como propósito descobrir quais fatores afetavam os julgamentos das pessoas leigas quanto à aceitabilidade do suicídio assistido pelo médico (SAM) e/ou a eutanásia (E) e como esses fatores interagem. Os participantes classificaram a aceitabilidade quer para o SAM, quer para a E, a partir de 72 vinhetas de doentes, contendo um padrão dos seguintes fatores; 1)combinação de todas as idades do paciente (3 níveis); 2) curabilidade da doença (2 níveis); grau de sofrimento (2 níveis); estado mental do paciente (2 níveis) e 3) quantidade de solicitações do paciente para o procedimento (3 níveis).

A amostra consistiu de 66 adultos jovens, 62 adultos de meia idade e 66 adultos idosos. O mais novo tinha 18 e o mais velho, 85 anos de idade, dos quais 114 (59%) eram mulheres e 80 (41%) homens. As avaliações foram feitas de acordo com a teoria funcional de cognição de N H Anderson, principais efeitos e interação entre os fatores dos pacientes e as características dos participantes, foram investigados por meio tanto de gráficos como de ANOVA. Como resultado deu para notar que o mais potente determinante de aceitabilidade foi a solicitação do paciente. A E, no geral foi considerada menos aceitável do que o SAM, mas essa diferença desapareceu quando as solicitações eram repetitivas.

Por outro lado, à proporção que sua própria idade aumentava, os participantes colocavam mais peso na idade do paciente, como critério de aceitabilidade. Como conclusão, percebe-se que o julgamento das pessoas está de acordo com a exigência das legislações que existem, e que exigem que as solicitações sejam repetitivas para o ato de terminar a vida. Pessoas mais jovens, que são freqüentemente os tomadores de decisão em relação a seus parentes mais idosos, colocam, no entanto, menor importância na idade do paciente.

Cuidadoso trabalho coordenado pelo Dr. Sorum do Albany Medical Center em Nova York e efetuado por quatro médicos franceses, visando avaliar a maior ou menor aceitabilidade do término da vida, efetuado de duas formas: pelo suicídio assistido por médico e pela eutanásia.

Embora a idéia não seja inédita, pretendeu dar maior amplitude quanto ao julgamento, incluindo faixas etárias desde os 18 anos, já que, na prática, as decisões sobre o término da vida de seus parentes são tomadas por pessoas bastante jovens.

Chama a atenção, igualmente, o fato de que a maioria das respostas inclina-se pela preferência ao suicídio assistido por médico em relação à eutanásia, em qualquer das circunstâncias. Não obstante a tendência clara com relação à preferência, a 95 participantes foi feita a pergunta: “Até quando você acha que a eutanásia seria um procedimento aceitável neste caso?” enquanto aos demais 99 participantes a pergunta foi: “Até quando você acha que o suicídio assistido por médico seria um procedimento aceitável neste caso?”

No trabalho não foi dada uma explicação para a divisão. Ainda assim, este amplia a discussão usando metodologia semelhante àquela já usada por Cuperus-Bosma e colaboradores, na Holanda, em 1999 e publicada na mesma revista (J.Med. Ethics1999, 25:8-15). Cinco dos numerosos critérios exigidos em legislações e protocolos foram muito bem utilizados e resultaram em gráficos extremamente esclarecedores, tais como: estado mental do paciente, incurabilidade da doença, número de solicitações para o procedimento, idade do paciente e sofrimento do paciente.

Todavia, é curioso notar que o critério que teve mais força entre os entrevistados, foi o da freqüência de solicitações para o procedimento, especialmente se observarmos que o critério de incurabilidade combinado com o sofrimento do paciente, foi o prevalente em outras pesquisas. Talvez o fato de que todos os participantes da pesquisa sejam originários de uma única região da França (Tours).

Spotify Flickr Facebook Youtube Instagram
Aviso de Privacidade
Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o Portal Médico, você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse Política de cookies. Se você concorda, clique em ACEITO.