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Por Dr. Luiz Luna Barbosa- CRM PB 5242

Urologista Geral e Pediátrico RQE (3083)

Nutrólogo RQE (8618)

 

 A Testosterona e seus derivados têm sido cada vez mais utilizadas com finalidade estética no Brasil, visto que, por sua ação anabólica, são capazes de induzir ganho de massa magra, de força muscular, além de perda de massa gordurosa. No entanto, é preciso ficar claro que: se o paciente anabolizou com a Testosterona ofertada, certamente, essa já foi uma dose tóxica para seu organismo.      

 

A Testosterona é produzida pela célula de Leydig testicular sob estímulo do Hormônio Luteinizante (LH) hipofisário. Quando os níveis séricos de Testosterona caem, o hipotálamo aumenta a secreção do GnRH (Hormônio Liberador de Gonadotrofinas), que por sua vez vai estimular a hipófise anterior a liberar as Gonadotrofinas, que são o LH (responsável pela esteroidogênese) e o Hormônio Folículo Estimulante (FSH), que é responsável pela gametogênese. Uma vez que os níveis séricos de Testosterona aumentam, tal hormônio sofre ação de uma enzima chamada de Aromatase, que é produzido principalmente pela célula gordurosa, sendo convertida em Estrógeno. Este hormônio é responsável pelo feedback negativo com o hipotálamo e a hipófise, ou seja, quando o Estrógeno advindo da aromatização da Testosterona aumenta, cessa a liberação do GnRH, FSH e LH.

 

O uso de Testosterona com finalidade estética vai levar a níveis suprafisiológicos desse hormônio, “silenciando” o testículo do paciente, visto que haverá o bloqueio da secreção pulsátil das gonadotrofinas pelos altos níveis de estrógeno (aromatização). Logo, quando o paciente deixa de receber a Testosterona, seja por via oral, transdérmica ou injetável, invariavelmente vai enfrentar um quadro de Hipogonadismo Hipogonadotrófico sintomático. Além disso, a perda de secreção pulsátil do LH determina atrofia testicular com consequente infertilidade masculina. Os altos níveis de Estrógeno circulante, enquanto o paciente está em uso de altas doses de Testosterona, podem levar a Ginecomastia, que geralmente é assimétrica, trazendo grande insulto estético para o paciente.

 

Níveis elevados de Testosterona determinam Dislipidemia, principalmente com queda nos níveis séricos do HDL (colesterol bom), além de causar aumento do Hematócrito (Eritrocitose) por estímulo da eritropoetina, deixando o sangue mais viscoso e aumentando o risco de eventos tromboembólicos. O excesso de Testosterona pode também levar a Cardiomegalia (hipertrofia de músculo cardíaco) e Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC). É preciso deixar claro que a hipertrofia de cardíaca acontece antes que o paciente apresente alteração na fração de ejeção e clínica de ICC. O estado de hiperandrogenismo também leva a uma diminuição da sensibilidade insulínica, acompanhada de adiposidade central, aumentando consideravelmente o risco cardiovascular do paciente. Também é preciso ressaltar que o estudo da curva de mortalidade cardiovascular induzida pela Testosterona deixa claro que, quanto maior o número e picos suprafisiológicos de Testosterona ao longo da vida, maior vai ser a progressão da doença aterosclerótica, e, consequentemente, desfechos cardiovasculares. Níveis elevados de Testosterona ativam o Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona, promovendo sobrecarga volêmica e vasoconstricção, aumentando os níveis pressóricos do paciente.

 

Infelizmente, o uso de Testosterona com finalidade estética não está restrito apenas aos homens. É crescente o número de mulheres usuárias de Oxandrolona com os mesmos objetivos. Tais mulheres estão expostas aos riscos cardiovasculares descritos anteriormente, sem contar que o uso de Testosterona em mulheres está associado a ganho de massa gordurosa e de peso, visto que a hipertrofia induzida pela Oxandrolona dá-se basicamente às custas de edema de fibra muscular (expansão do citoplasma da fibra muscular), sendo que esse líquido será reabsorvido quando cessar o uso do hormônio, no entanto, a massa gordurosa adquirida vai persistir. Além disso, é comum atrofia mamária, alterações menstruais, disfonia persistente e clitoromegalia nas mulheres usuárias de Testosterona.

 

Para finalizar, é preciso deixar claro que o Conselho Federal de Medicina (CFM) em sua Resolução n 2.333/23 PROÍBE a prescrição médica de Terapias Hormonais com finalidades estéticas no Brasil.

 

 

 

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