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Conselho Regional de Medicina

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Por Sebastião de Oliveira Costa

CRM-PB – 1630

Pneumologia – RQE 4386

 

Em fins do século XIX, uma parceria entre o inventor James Bonsak e o empresário James Duke fez nascer uma máquina que vomitava todo dia 120 mil cigarros. Em menos de uma semana, atendia todo o consumo dos nicotínicos-dependentes nos Estados Unidos.

 

Faltaram dependentes para tanto cigarro. O jeito foi apelar com muita competência para a publicidade, essencialmente em busca do público feminino. De quebra, mega investimentos no cinema de Hollywood (atores e atrizes sempre com um cigarro nos lábios), responsável direto pelo glamour, que transformou o cigarro num “mocinho”, com um imenso prestígio ao redor do mundo.

 

E o “mocinho” reinou absoluto durante toda a metade do século passado.

 

Mas eis que estudos científicos desenvolvidos na década de 50 começaram a desmascarar aquele “artista” cheio de charme e elegância. E foi no ano da graça de 1964 que o Relatório Terry do Departamento de Saúde americano, respaldado por aqueles estudos, arrancou de vez a máscara do mocinho: por trás de todo o glamour, havia um currículo com 56 doenças e uma ficha policial de 100 milhões de assassinatos ao longo do século XX.

Impacto brutal na sociedade norte-americana!!! Sociólogos e pensadores da época chegaram a profetizar o fim do “mocinho”. Esqueceram dois detalhes: o imenso potencial da nicotina em produzir dependência e os 2 bilhões de dólares investidos em publicidade.

 

O “mocinho” apenas havia perdido um duelo.

 

Mas, foi no rastro daquele relatório que os programas públicos de combate ao tabagismo trataram de pavimentar a longa estrada que transformou o “mocinho” em bandido. O bandido, fale-se a pura verdade, mais cruel e mortífero da história da humanidade.

 

Ocorre que outro inventor – do Cigarro Eletrônico (CE) -, o chinês Hon Lik, em 2003 tratou de alimentar a avidez monetária e o sonho empresarial da indústria tabagista em recuperar os dólares perdidos com a descoberta da verdadeira identidade do “mocinho”. Só a  Phillps Morris – produtora do cigarro Marlboro – desembolsou 11 bilhões de dólares para meter na cabeça do mundo que o CE era inofensivo. Achou pouco e ainda convenceu muita gente ao redor do planeta que ele, o CE, ajudava a largar o cigarro convencional. Duas grandes mentiras e uma vítima: o público juvenil!

 

São eles, os adolescentes e adultos jovens, que estão curtindo com muita desenvoltura o belo designer, os diversos sabores e o vapor impregnado de muitas substâncias nocivas, promovendo queda importante no desempenho esportivo, redução da potência sexual e com imensa capacidade de produzir patologias crônicas e a doença agudíssima EVALI, que em 2019 mandou 2.807 dependentes do CE aos serviços de emergência dos Estados Unidos e um saldo de 68 pacientes remetidos ao necrotério.

 

O Comitê de Combate ao Tabagismo da Associação Médica da Paraíba (CCT-AMPB), dentro da necessidade de redirecionar estratégias – o adulto já está devidamente conscientizado -, pretende alcançar os professores, formadores de opinião da galera mais jovem, na esperança de que eles abracem e reproduzam a mensagem educadora de que a dependência tabagista – CE, cigarro convencional – além das consequências nocivas de suas substâncias, atua fortemente como porta de entrada para drogas mais pesadas.

 

As estatísticas disponíveis apontam para 90% dos novos fumantes do cigarro convencional inseridos no grupo etário de 12 a 18 anos. Mais grave: 20% dos jovens brasileiros utilizam o cigarro eletrônico.

 

Há uma consciência no CCT-AMPB de que esses dados são preocupantes e exigem ações mais competentes e devidamente focadas nas consequências mais ligadas à vida social e esportiva de nossa juventude.

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