Por João Modesto Filho
Presidente do CRM-PB | CRM-PB 973
Endocrinologia e Metabologia RQE 1026

Diabetes mellitus é uma condição clínica que se caracteriza pela elevação da glicose na corrente sanguínea. Em termos clínicos, classificamos o Diabetes em Tipo 1, que ocorre mais comumente na infância e na adolescência, necessita de insulina para o controle metabólico e corresponde a cerca de 10% de todos os casos da doença, e em Tipo 2, que ocorre principalmente a partir dos 40 anos de idade, tem forte carga genética e significativa relação com excesso de peso. Por seu turno, a prevalência da obesidade está aumentando em todo o mundo, seja em crianças ou em adultos. Esse aumento da prevalência é particularmente alarmante em crianças, dadas as consequências de longo prazo para a saúde e o risco de doenças crônicas, incluindo o Diabetes tipo 2. Dessa forma, o Diabetes tipo 2 de início precoce é um problema de saúde global e crescente entre adolescentes e adultos jovens.

Enquanto o Tipo 1 resulta de um déficit na produção de insulina, o Tipo 2 depende de uma “dessenbilização” progressiva à insulina que se desenvolve a longo prazo, favorecida por um estilo de vida pouco saudável. Informações sobre as características epidemiológicas do início precoce do diabetes tipo 2, publicadas em 2022 na revista “The Lancet – Diabetes & Endocrinology”, obtidas com análise de dados relativos a 204 países, entre 1990 e 2019, mostram dados preocupantes. Nesse estudo, temos o tipo 2, entre 15 e 39 anos de idade, mostrando tendências que surgem ao longo do tempo e com variações relacionadas a idade, sexo, região e pelo índice sociodemográfico. A análise confirma um aumento significativo na prevalência do Tipo 2 entre adolescentes e adultos jovens em todos os países pesquisados e em todo o espectro dos níveis de renda, inclusive em países de baixa e média renda.

A taxa média de incidência (padronizada por idade por 100.000 habitantes) aumentou de 117,22 em 1990 para 183,36 em 2019. Entre os menores de 30 anos, as mulheres parecem ser mais afetadas. Aqui, talvez, a gravidez e a síndrome dos ovários policísticos, que estão associados à resistência à insulina, podem ter contribuído parcialmente para as diferenças de gênero. O exame dos dados destaca que um alto índice de massa corporal (IMC) é o principal fator de risco em todas as regiões. Já a contribuição de outros fatores de risco varia de acordo com a localização geográfica e um maior impacto da poluição do ar e do tabagismo. Nos países de alta renda e maior participação da poluição do ar, e dietas com baixo teor de frutas em países de baixa renda são os grandes responsáveis pelas mudanças encontradas.

Estudo realizado nos Estados Unidos mostrou um aumento anual de casos entre jovens de 10 a 19 anos de 4,8% entre 2002 e 2012. No Reino Unido, os valores encontrados foram semelhantes. Entre pessoas com Diabetes tipo 2, os menores de 40 anos representavam 6% em 1991 e 12% em 2006. De um modo geral, a Europa Ocidental e o sul da América Latina foram as regiões que tiveram os aumentos mais rápidos nas taxas de diabetes tipo 2 precoce. Assim, o Diabetes tipo 2 antes dos 40 anos de idade se associa a um aumento substancial no risco de doença cardiovascular e mortalidade em comparação com os casos de início tardio. Todos esses dados mostram a necessidade de medidas urgentes para controlar esse aumento em praticamente todos os países do mundo, sabendo-se da importância cada vez maior da mudança do estilo de vida, no sentido de se evitar o sedentarismo e manter uma alimentação saudável.

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