Síndrome de Sjögren, que impede funcionamento das glândulas salivares e lacrimais, atinge 2% da população mundial. Imagine ter que chorar sem lágrimas ou engolir alimentos sem a ajuda da saliva. Esse é o cotidiano de quem sofre da síndrome de Sjögren, doença de nome difícil, pouco conhecida, mas que atinge cerca de 2% da população mundial. O mal se manifesta quando o sistema de defesa do organismo ataca e impede o funcionamento das glândulas salivares e lacrimais, responsáveis pela lubrificação da boca e dos olhos. Pouco se sabe sobre as causas da doença, que acomete mulheres em 90% dos casos e não tem cura. Com um tratamento contínuo, contudo, é possível controlar os sintomas e levar uma vida normal. Sintomas como boca seca, sensação de areia nos olhos, sede excessiva e dificuldade de sentir o sabor dos alimentos podem ser indicativos da doença, descoberta pelo oftalmologista sueco Henrik Sjögren-Larsson, em 1957. Nesses casos, o mais indicado é procurar um reumatologista, que poderá determinar por meio de biópsia de glândulas salivares e exames clínicos se o paciente é portador da síndrome. Quanto antes for feito o diagnóstico, melhor será a qualidade de vida do paciente e mas fácil será para o tratamento ser realizado. De acordo com a dentista e professora do departamento de odontologia da Universidade de Brasília Nilce Santos de Melo, uma das principais barreiras para o tratamento é o diagnóstico. “Os principais sintomas, como boca seca e sensação de areia nos olhos, são associados a várias doenças, o que torna difícil definir se é Sjögren”, explica. Em lugares onde são registrados baixos índices de umidade durante boa parte do ano, o problema é agravado. A falta de conhecimento também dificulta o tratamento. “Pouca gente sabe que ela existe, e nem todos os médicos conhecem seus sintomas, por isso muitas vezes o paciente carrega a síndrome há anos e não sabe” diz a dentista. “O agravamento dos sintomas pode levar a quadros mais graves, como perda de dentes, úlceras e infecções bucais”, alerta Nilce. Demora A funcionária pública Andréia Freitas, 36 anos, passou por dentistas, endocrinologistas e um clínico geral atédescobrir que é portadora da síndrome. “Eu ficava com a boca e a pele ressecadas durante todo o ano, mesmo quando o tempo não estava seco”, conta. Hoje, mantém cuidados diários para controlar os sintomas. “Antes de dormir, passo um gel nos olhos, sempre uso hidratantes no corpo e tento umedecer a minha boca o dia todo.” Andréia conta que, com o tempo, o convívio com a doença vai ficando mais fácil. “No início, eu ficava muito irritada, porque sabia que teria que viver com isso para sempre. Com o tempo e com os sintomas controlados, você vai aprendendo a conviver bem com a síndrome.” Para ela, o maior problema foi a demora no diagnóstico. “Tive que passar por três médicos antes de descobrir o que eu tinha. Esse período foi muito difícil, pois os sintomas iam aumentando e ninguém sabia o que fazer”, completa. Líquidos usados como controle A melhor forma de controlar os sintomas bucais da síndrome de Sjögren é ingerindo líquidos, em especial sucos e chás, além do estímulo mecânico. “Esse estímulo pode ser feito por meio da ingestão de frutas cítricas ou mascando chicletes sem açúcar, que estimulam as glândulas a produzirem mais saliva”, conta Nilce Santos Melo. Para controlar a manifestação ocular da doença, é essencial o uso de colírios, que funcionam como uma espécie de lágrima artificial, especialmente em períodos secos, ou à noite, quando o olho nunca se fecha totalmente. Maquiagem nos olhos, como rímel e sombras, deve ser evitada, pois contribui para agravar o ressecamento da região. Existem dois tipos de doença, o primário, que é quando a síndrome aparece isolada, e o secundário, quando ela vem associada a outra doença relacionada à autoimunidade, como lúpus e artrite reumatoide. Esse foi o caso da assistente social Maria Maia, 35 anos. Durante o tratamento de uma artrite, ela descobriu que tem a forma secundária da síndrome. No caso deMaria, a recorrência de duas doenças dificultou o controle dos sintomas. “Foi a parte mais difícil, conviver com a dor nos olhos causada pela síndrome e a dor no corpo por causa da artrite”, conta ela. Portadoras da doença que estejam grávidas pedem, em geral, atenção dobrada, principalmente nos primeiros meses, já que é o período em que o corpo naturalmente tende a provocar abortos espontâneos. Quando o paciente já tem um histórico de autoimunização, esse risco é potencializado, pois o organismo tende a agir contra qualquer corpo que considere “estranho”. Data: 17/08/2009 Seção: Saúde Veículo: Jornal O Norte

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