CRM-PB Entrevista: Claudio Orestes Britto Filho

 

No dia 27 de julho foi comemorado o Dia do Pediatra, o médico que trata dos bebês aos adolescentes. “Muito mais do que tratar uma doença, a real conquista do pediatra consiste no papel a longo prazo, preventivo e na promoção de saúde, acompanhando o desenvolvimento e crescimento da criança, do adolescente e da família”, afirma o pediatra Cláudio Orestes, conselheiro do CRM-PB.

Formado em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Residência em Pediatria no Amip, Cláudio Orestes trabalha atualmente no Hospital pediátrico da Unimed, no ambulatório do SAE-Infantil de Microcefalia, na Maternidade Ana Bezerra (UFRN) e no SESMT dos Correios e Telégrafos.

Na entrevista a seguir, além de falar da profissão que escolheu, ele fala também da necessidade de aumentar a cobertura vacinal no país, principalmente, das crianças abaixo de dois anos. No dia 22 de julho, ele participou do lançamento da campanha “Vacina Mais Paraíba”, que visa resgatar a cobertura vacinal, para diminuir as chances de doenças já erradicadas voltarem. “Precisamos reforçar com a população a importância das vacinas na prevenção de doenças e informar que as vacinas no Brasil, entre 1940 e 1998, aumentaram a expectativa de vida”, afirma.

 

Em 27 de Julho foi comemorado o Dia do Pediatra. Quais as principais conquistas da especialidade para celebrar?

A primeira e maior conquista é o reconhecimento do papel e importância do pediatra junto ao público, onde é patente que os pais reconhecem o pediatra como o profissional mais habilitado para atender as crianças e os adolescentes. Consiste em nada mais do que ser reconhecido pelo que se é! Muito mais do que tratar uma doença ou ter papel curativo, a real conquista do pediatra consiste no papel a longo prazo, preventivo e na promoção de saúde, com a necessidade de acompanhar como um todo o desenvolvimento e crescimento da criança, do adolescente e da família. Assim, as consultas servem para os pais tirarem dúvidas e receberem orientações sobre alimentação, sono, vacinas, prevenção de doenças e acidentes, educação dos filhos, entre outros aspectos abordados. A participação do pediatra está voltada para a promoção de estilo de vida saudável para que a criança tenha uma vida longa, de qualidade e auxiliando aos responsáveis a tornar um futuro adulto saudável, autônomo e seguro. Isso tudo com características natas e próprias da índole de quem sabe acolher com segurança e confiança, tem amor ao que faz, trabalha empatia, com compaixão e inteligência emocional suficiente para conduzir o atendimento da melhor forma possível.

 

Como o sr avalia a estrutura do atendimento pediátrico na Paraíba?

Infelizmente, de uma maneira geral, encontra-se crítica! Tivemos ao longo de duas décadas o fechamento de diversos serviços em função do baixo valor pagos aos serviços, pela baixa remuneração e por não ter procedimentos ou exames de alto custo. Com isso, foram fechados diversos consultórios, clínicas e hospitais infantis no nosso estado e em particular no município de João Pessoa, tanto no setor público como privado. Embora o Estatuto da Criança e do Adolescente afirme que “é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar, etc.”.. e em particular em seu Art. 7º “A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência”. Observamos que são constantes os desrespeitos às crianças em seus direitos, com as filas de atendimento, a falta de vagas, falta de especialistas, etc, deixando o atendimento digno a desejar. Os gestores não pensam na assistência à criança e adolescentes como prioridade que deveria ser, pensam de forma secundária e depois de muitas críticas e reivindicações. Uma grande conquista seria a inserção do pediatra na atenção básica através do “Programa Cuida Mais Brasil”, mas ainda está longe de se tornar uma realidade!

 

Na semana passada, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) realizou o evento Vacina Mais Paraíba. Como estão os níveis de cobertura vacinal do estado?

O Governo do Estado lançou uma campanha importante que visa resgatar a importância da cobertura vacinal com o “Vacina Mais Paraíba”. Desde 2015, antes da pandemia da covid-19, a cobertura vacinal do Programa Nacional de Imunização (PNI) vem apresentando uma redução gradual, fato que acentuou com a pandemia, sobrecarga dos serviços de saúde, isolamento e questionamentos polêmicos em torno da vacina covid 19, chegando a cobertura vacinal geral de todas as vacinas PNI a pouco mais de 60% de cobertura. Fato preocupante que disparou um alerta sobre a necessidade de iniciativas para aumentar o índice de cobertura vacinal.

 

Como convencer a sociedade sobre a importância das vacinas?

Informação e conhecimento sobre os riscos da baixa cobertura! Precisamos reforçar junto à população a importância das vacinas na prevenção de doenças e informar que as vacinas no Brasil, entre 1940 e 1998, aumentaram a expectativa de vida ao nascer em cerca de 30 anos! Resultado, principalmente, da redução de óbitos por doenças infecciosas preveníveis por vacinas na mortalidade infantil. Mesmo no caso recente da covid-19, evidenciamos o quanto as vacinas modificaram o curso da doença nos adultos, reduzindo a letalidade. Quanto ao questionamento na baixa letalidade infantil, quando comparada aos adultos, informamos que quando comparada com a letalidade entre outras doenças em crianças, a letalidade da covid é alta e ceifa uma vida no início de sua expectativa de vida, que no brasil é de 76 anos. Então, uma criança que vai ao óbito com 4 anos ela deixou de vivenciar 72 anos de vida que teria em frente!

 

Há risco de algumas doenças voltarem a serem endêmicas, em função da baixa cobertura vacinal? Quais?

Sim. Doenças antes erradicadas ou reduzidas, como sarampo, rubéola, até a própria poliomielite, como tivemos notícia de um caso recente em Nova York. Algumas doenças estão voltando e precisamos urgentemente lembrar da importância da vacina como um ato de amor, pois quem ama deseja o melhor para a pessoa amada e sem dúvidas vacinar é um ato de amor!  Infelizmente uma parte da população esqueceu o quanto é danoso o acometimento de doenças preveníveis através da vacina e precisamos urgentemente resgatar a cobertura vacinal de uma maneira geral, mas particularmente abaixo de faixa etária de dois anos, público mais suscetível.

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