Este ano, 8,8 mil novos casos de câncer de mama em mulheres devem ser diagnosticados na Paraíba e, desse total, 665 vão acometer pessoenses, segundo a Sociedade Paraibana de Mastologia (SPM). Apesar da elevada incidência da doença, os recursos destinados para os exames de mamografia são reduzidos. Essa constatação se traduz na discrepância entre a quantidade de paraibanas que necessitam passar pelo sistema de diagnóstico e o volume de exames liberados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Das 512.434 mulheres que precisam ser rastreadas, foi disponibilizada verba para financiar apenas 26.612 mamografias. Os dados são de 2007, mas, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), os números refletem a realidade também do ano passado. O cálculo que originou a incidência de câncer no Estado foi baseado na informação da Sociedade Paraibana de Mastologia, a qual estima que 490 novos casos vão surgir em 2009 na Paraíba para cada grupo de 100 mil mulheres. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Estado, existem 1.855.119 mulheres, o que equivale a quase 51% da população (3.641.395 habitantes). A previsão é de que 190 casos novos sejam detectados em João Pessoa para cada grupo de 100 mil mulheres, que conta com 349.335 mulheres, maioria (52%) da população de 674.772 moradores da capital. A médica Joana Marisa de Barros, da Sociedade Paraibana de Mastologia, informou que, além da reduzida quantidade de exames que seriam necessários para atender à demanda da população feminina na faixa etária entre entre 40 e 70 anos de idade, as mulheres esbarram em outro obstáculo: a demora na realização do exame, na divulgação do diagnóstico e para o início do tratamento, que deveria ser imediato. A mastologista disse que a média de tempo entre a solicitação do especialista e a realização do exame gira em torno de 90 dias. “Esse fator complica ainda mais o diagnóstico e afeta nos índices de cura do paciente. Se for constatado algum problema, o processo de marcar uma nova consulta com o mastologista gera outro tempo. Além disso, existem muitas pessoas na fila de cirurgias que deveriam ser feitas com urgência, mas que passam muito tempo para ser realizada”, informou. A maior incidência de casos de câncer de mama, de acordo com o Ministério da Saúde, corresponde a mulheres a partir dos 40 anos, no entanto, a cada ano se registra um número maior de casos em pessoas entre 30 e 39 anos. As chances de cura estão diretamente relacionadas com o tamanho e tipo do tumor e da forma de tratamento. “Quanto mais cedo identificar a doença, a paciente tem mais possibilidade de sobreviver e voltar a ter uma vida normal”, disse. Com as dificuldades de acesso aos exames e com base na cultura do Estado são os principais motivos que resultam no diagnóstico tardio. “Se o tumor estiver abaixo de um centímetro, as possibilidades de cura total são de cerca de 98%. Se o dignóstico for tardio, ou seja, se o tumor for detectado em situação avançada as chances são bastante reduzidas. O objetivo é encontrá-lo cedo e o exame que fornece a melhor resposta é a mamografia, no entanto, a grande maioria não tem acesso”, explica. Joana afirmou que 70% das portadoras quando percebem que estão com a doença já estão com a doença em estágio grave. Uma mamografia particular custa em média R$ 150 e deve ser feita pelo menos uma vez por ano em mulheres com idade em situação de risco. “O SUS não tem condições de custear os exames para todas as pessoas que precisam e isso se reflete não apenas no número de mamografias disponíveis, e sim em toda a estrutura da saúde pública”, afirmou Joana. Em João Pessoa, as unidades habilitadas para o tratamento do câncer são o Hospital Universitário Lauro Wanderley e o Hospital Napoleão Laureano. De acordo com um levantamento elaborado pela Secretaria de Estado da Saúde, existem 17 clínicas radiológicas conveniadas com estabelecimentos de radiologia que oferecem o serviço em parceria com o SUS. “Esses estabelecimentos têm estrutura operacional adequada para atender à população feminina do Estado, porém o Sistema Único de Saúde não tem condições de financiar de acordo com a necessidade”, justificou a responsável pelas ações de prevenção e controle do câncer na Paraíba da SES, Roseane Machado. Segundo ela, a Secretaria tem lançado campanhas em parceria com os gestores municipais, que recebem a verba do governo federal, para conscientizar que a doença consiste em um problema de saúde pública e sensibilizar para que novos investimentos sejam feitos, numa atuação conjunta com o SUS. “Estamos viajando para implementar nas cidades paraibanas o exame clínico de mama nos postos de saúde e capacitar os médicos e enfermeiros para identificar qualquer alteração na mama”. Roseane destacou o trabalho da Ciranda de Serviços que tem contribuído com a educação das mulheres nos 223 municípios da Paraíba. As principais causas que incidem no aparecimento do câncer de mama são, em 90% dos casos, fatores esporádicos como maus hábitos alimentares, estresse, obesidade, sedentarismo e surgimento da menopausa tardia. Para orientar a população no perigo do câncer de mama, o grupo ‘Amigos do Peito da Paraíba’ vai promover o I Encontro Paraibano para Consciência contra o Câncer de Mama. O evento, marcado para o próximo sábado. Fonte: Jornal da Paraíba

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