24 de agosto de 2011

A crise na saúde também está atingindo os hospitais filantrópicos da Paraíba. Em Campina Grande, os 10 leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Pedro I estão desativados temporariamente devido a falta de médicos na escala de plantonistas. O hospital mantido pela maçonaria também enfrenta problemas financeiros que já provocaram a redução dos atendimentos em setores como ortopedia e emergência. Na próxima segunda-feira, uma reunião vai definir sobre a contratação de dez a 14 médicos e a expectativa da direção é reabrir a UTI na próxima semana.

A desativação da UTI está ocorrendo de forma gradativa desde o início do mês, à medida que os pacientes foram recebendo alta ou foram transferidos para outros hospitais. A ala ficou totalmente vazia na manhã de ontem, com a última transferência para o João XXIII. Com a desocupação, toda a área foi desinfectada e os equipamentos foram encaminhados para manutenção em Recife, de onde devem chegar ainda hoje. A desativação começou no dia 2 de agosto.

De acordo com a direção- geral, as dívidas acumuladas já chegam a R$ 7 milhões e o déficit mensal gira em torno de R$ 50 mil. A manutenção do Pedro I, que possui, atualmente, 250 funcionários e 150 leitos custa R$ 500 mil por mês. “A tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) está defasada há vários anos e todos os hospitais filantrópicos do Brasil estão pedindo esmolas, mas é preciso que os governos percebam o problema. Assumimos o hospital recentemente e estamos tentando resolver regularizar a situação”, informou João Clementino, presidente do Pedro I.

O valor total da dívida é formado por débitos com fornecedores e com órgãos e tributos federais, a exemplo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Receita Federal e encargos trabalhistas. A nova direção do Pedro I está à frente do hospital desde 1° de agosto e já estuda a possibilidade de realizar uma campanha junto à sociedade para buscar alternativas para salvar o hospital das dívidas, a exemplo do que acontece com a Fundação Assistencial da Paraíba (FAP), hospital especializado no tratamento do câncer e que mantém um serviço de coleta de donativos pelo telefone (83) 2102-0390.

Em julho, o hospital recebeu uma notificação do Conselho Regional de Medicina (CRM-PB) sobre a falta de médicos plantonistas na UTI. O CRM deu um prazo até o final de agosto para o Pedro I regularizar a situação. “Identificamos que em alguns dias da semana faltava médicos na UTI. É preciso ter, no mínimo, um médico para cada 10 leitos e um atendente para cada três. Notificamos o hospital e demos um prazo para a regularização”, comentou Norberto Silva, do CRM em Campina Grande.

A decisão de fechar a UTI temporariamente foi tomada pela própria diretoria técnica do Pedro I diante do problema e a expectativa da direção é que a situação seja regularizada até a próxima semana, com a reabertura da ala. “Sem corpo médico completo não tínhamos como funcionar. Orientamos a equipe para não admitir pacientes de alto risco para evitar complicações, mas estamos trabalhando para melhorar o atendimento o mais rápido possível”, afirmou Alba Medeiros, diretora técnica do Pedro I.

Segundo a direção, a grande dificuldade para manter a escala de médicos na UTI é o valor cobrado pelos plantões. Enquanto o Pedro I paga R$ 800,00 por plantão de 24 horas, um médico recebe R$ 1.280,00 pelo mesmo serviço no Hospital Regional de Emergência e Trauma de Campina Grande. Os ortopedistas, anestesistas e cirurgiões do Trauma contratados através de cooperativas recebem R$ 1 mil por plantão de 12 horas. “Enfrentamos dificuldades porque o Trauma paga em dobro e temos dificuldade para recrutar os profissionais”, afirmou João Clementino.

Fonte: Jornal da Paraíba

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