Entidades médicas vêem mudança com preocupação e expectativa

 O Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, está sendo administrado em uma gestão pactuada entre a Cruz Vermelha e o Governo do Estado. A decisão pegou de surpresa os profissionais do hospital e as entidades médicas, que analisaram a decisão governamental com cautela. “As entidades médicas paraibanas vêem essa mudança com preocupação. Estamos acompanhando com expectativa, já que esse tipo de iniciativa já foi tomada em outros Estados e, em alguns deu certo, em outros, não”, ressaltou o presidente do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), João Medeiros. Ele expôs essa preocupação na última reunião plenária dos conselhos regionais, em Brasília, no dia 13 de julho.

O anúncio da mudança na administração do Hospital de Trauma foi anunciado pelo Governador Ricardo Coutinho no dia 6 de julho e, no dia 8, representantes da Cruz Vermelha reuniram-se com a diretoria do CRM-PB. João Medeiros disse que foi uma conversa amistosa e cheia de promessas. “Vamos acompanhar tudo atentamente”, disse o presidente do CRM-PB. Para ele, o governo deveria ter realizado um debate amplo com a sociedade e entidades médicas antes de tomar a decisão. “Ficamos sabendo da mudança através da imprensa. Além disso, a licitação é uma prática obrigatória nesses casos”, destacou.

O presidente do Sindicato dos Médicos, Tarcísio Campos, afirmou que irá convocar uma audiência pública para que o governo explique como será o programa de pactuação de gestão do Trauma. “Vamos nos juntar com outros sindicatos de profissionais de saúde para que o governo  nos informe sobre como ficará a situação dos profissionais que atuam no Trauma”. Já o presidente da Academia Paraibana de Medicina, Antônio Carneiro Arnaud, apoia a ação do governo. “Foi uma ótima ideia. Isso vai fazer com que o hospital economize”, disse.

Sobre os servidores e médicos que atuam na unidade, o gestor da Cruz Vermelha, Edmon Silva, explicou que os servidores serão contratados pela Cruz Vermelha, passando a ser celetistas (CLT), e será dada continuidade aos contratos firmados com as cooperativas médicas.

 

Cruz Vermelha garante aumentar atendimento

Uma equipe da Cruz Vermelha já está administrando o hospital e informou, em entrevista coletiva à imprensa, no último dia 13, que pretende aumentar o número de atendimentos e cirurgias. A meta anunciada pelo gestor da Cruz Vermelha, Edmon Silva, é aumentar em 15% o número de cirurgias (de 450 para 520 mensais), de imediato, e em seis meses, aumentar em 30%. Além disso, Edmon falou que iria dobrar o número de atendimentos e fazer com que o hospital volte a ter o caráter de urgência e emergência.

O secretário de Saúde, Waldson Sousa, afirmou ainda que mesmo aumentando a capacidade do hospital, os custos serão menores. Com o contrato, o governo pretende reduzir os gastos com o hospital em R$ 4 milhões por mês, o que corresponde a 40% dos custos mensais que atualmente chegam a R$ 10,8 milhões e devem cair para o patamar de R$ 6,8 milhões. “Não existe mágica para essa redução de custos. Vamos agilizar as compras e fazer pagamento à vista. E, logicamente, vamos cobrar muito de nossos colaboradores”, afirmou.

Edmon Silva também garantiu que a superlotação do hospital já está sendo resolvida, já que o Trauma conta agora com 80 leitos de referência em outros hospitais, para remover pacientes. No entanto, João Medeiros destacou que antes mesmo da pactuação com a Cruz Vermelha, não havia mais pacientes pelos corredores do hospital de Trauma. “O CRM já havia sugerido e indicado leitos ociosos em outros hospitais, quando foi detectado o caos da superlotação. Agora, parece-me que foram contratados leitos em hospitais particulares”, afirmou o presidente do CRM-PB.

Na entrevista coletiva à imprensa, Edmon Silva assegurou também que os diretores do hospital irão continuar nos cargos. Ele explicou que os diretores foram exonerados porque o modelo de gestão pactuada legalmente exigia esse procedimento, mas que os diretores que quiserem serão recontratados.

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