Por João Modesto Filho, endocrinologista e conselheiro do CRM-PB

A pesquisa médica nunca foi tão ativa frente a um vírus como estamos vendo atualmente, ou seja, algo sem precedentes na história cientifica moderna. A covid-19, cujo agente etiológico é o coronavírus Sars-Cov-2, tem sido estudada desde a mais leve complicação até as fases mais avançadas da doença. Apesar de um número impressionante de estudos publicados que, segundo a OMS já são mais de 200.000, ainda não sabemos de forma completa como tratar um paciente, exceto, talvez, nos casos mais sérios de terapia intensiva. As discussões e os posicionamentos sobre casos leves e de média intensidade continuam a apresentar inúmeros protocolos de tratamento, muitos dos quais sem bases cientificas. Muitos ainda discutem quais as formas de barreira mais eficazes, mostrando que a pandemia continua a exigir bastante da comunidade cientifica. Isso sinaliza que os limites dos nossos conhecimentos ficam mais claros à medida que a ciência avança e nos dá respostas. ⠀

Aliada a essas incertezas, vemos a incapacidade de certas autoridades em priorizar medidas conhecidas e de resultados favoráveis que podem beneficiar a população, sabendo-se que diferentes pessoas respondem diferentemente à doença. Por isso, tem-se que levar em consideração essas diferenças para a tomada de decisões das políticas públicas. É fato bem conhecido que, décadas passadas, a mortalidade infantil era muito alta e foi diminuindo ao longo do tempo pelos avanços da medicina e melhores condições econômico-financeiras. O tabagismo está sendo reduzido gradualmente embora continue sendo o principal fator de risco evitável. Por seu turno, o sedentarismo, a alimentação industrial e a poluição atmosférica estão se tornando as principais causas da mortalidade geral, principalmente entre os idosos, que já são mais afetados pelo câncer, doenças cardiovasculares e doenças infecciosas principalmente do sistema respiratório.⠀

Assim, a circulação do vírus causador da pandemia continua bastante ativa e prevenir sua circulação é uma forma de proteger os mais vulneráveis.

Além dos clássicos cuidados de prevenção, já estamos em nível de vacinação e tudo na história da medicina nos leva a usar essa arma decisiva. Por isso, e no momento atual, é nosso dever agir conforme orienta nosso próprio Código de Ética, chamando a atenção para que o médico participe das ações de saúde pública, principalmente no que diz respeito à proteção da população. Pelo que sabemos atualmente, não existe razão cientifica ou médica para atrasar a implantação em larga escala de uma vacina, desde que seja aprovada pelos órgãos sanitários. Os riscos são mínimos e estão principalmente relacionados a reação imunológica tipo febre, dor de cabeça, dores musculares. Por seu turno, os benefícios são imensos: prevenção da covid-19, incluindo formas graves, além de dados que sugerem diminuição do risco de transmissão do vírus. Dessa forma, a relação risco/benefício é bastante favorável à vacinação: menos transmissão e menos casos potenciais de formas graves, o que colabora para controlar a pandemia. Por tudo isso, a vacinação deve ser vista como uma corrida contra o tempo e que a cobertura vacinal se espalhe mais rápido do que a nova progressão dos casos da covid-19. Por fim, temos que reconhecer que a ação tem que ser rápida e que precisa do envolvimento de todos, e que cada um deverá ficar atento para não confundir convicção pessoal com realidade médica. Afinal, soberana é a vida.

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