EMANDA Apesar dos 7.500 procedimentos realizados por mês, ainda há muita demora na marcação do PSF Porém, nem tudo está como gostariam profissionais e usuários do PSF. Ainda há bairros não atendidos pelo Programa, sob a alegação infundada de que eles estariam em área nobre. Um contra-senso com o direito universal à saúde e ao atendimento público pregado pela Constituição Brasileira. Maria de Lourdes Freire é uma dessas excluídas do Programa. Moradora do bairro dos Estados, ela não tem plano de saúde, mas também não pode se cadastrar em nenhum PSF de outra área. \”Alguém subentendeu que aqui todo mundo é rico e pode pagar consultas, exames e hospital. Eu não posso e já tentei me cadastrar e outro bairro, mas eles dizem que o sistema não aceita\”, denuncia. A Diretoria de Atenção à Saúde conhece bem essa realidade, mas diz que a ferida foi aberta por outros administradores municipais. \”Infelizmente, essa é uma herança da gestão passada. A divisão já estava feita quando assumimos e não pudemos mais ampliar. O pensamento, agora, é deixar funcionado bem o que temos para depois expandir\”, explica Márcia Rique. Outro problema enfrentado por quem busca no PSF um atendimento melhor é a escassez ou a demora na marcação de consultas. Com uma média de 7.500 procedimentos por mês, o setor de Regulação da Secretaria de Saúde da Capital é alvo de duras críticas pelos atores que compõem o Programa. \”Tivemos casos, aqui, em que o tempo para a realização da consulta marcada demorou tanto que, quando a paciente chegou lá, a requisição já não valia mais. Era setembro e a marcação havia sido feita em abril\”, relembra Missânia Moreira, que completa. \”Ainda acontece, infelizmente\”. Maria Jane Barbosa lembra muita bem o tempo que passou tentando marcar uma consulta cardiológica pelo PSF para o pai, há quatro anos. \”Passamos meses sem conseguir. Ele piorou e acabou morrendo\”. Hoje, apesar de torcer para que o sistema melhore, ela ainda guarda muitas ressalvas ao Programa. \”Ainda preferia voltar à fila do PAM de Jaguaribe, pegar minha fichinha de madrugada e garantir o atendimento\”. Duas mamografias para quase mil mulheres Nem só em procedimentos de alta complexidade há problemas. Um dos principais exames preventivos para mulheres, a mamografia, tem oferta quase insignificante. São duas autorizações desse exame expedidas, por mês, para cada unidade do PSF. Isso significa que, para uma das unidades do Viver Bem, no Jardim 13 de Maio, há duas mamografias para aproximadamente 900 mulheres. \”Existem as cotas e isso dificulta muito. Duas autorizações desse exame por PSF é muito pouco. Vamos lembrar que nosso trabalho é focado na prevenção\”, alerta Missânia. Márcia Rique admite a precariedade da oferta e explica que o problema foge ao controle da Secretaria. \”A gente tem que comprar o serviço, a oferta é muito baixa e a demanda é muito grande. Antes, os exames eram para quem chegasse primeiro. Aconteciam situações de algumas unidades ficarem muito tempo sem pegar nenhuma consulta. Aí dividimos por cotas. O fato é que falta local ou prestadores de onde comprar esse tipo de exame\”, revela. Enquanto isso, Jane, Francisca, Célia e Missânia vão convivendo com realidades bem diferentes dento do mesmo Programa. Primeiro passo para o atendimento em Saúde, por aqui, o PSF na Capital vive um paralelo entre um ambiente acolhedor e digno e a expectativa de melhoria em infra-estrutura e cobertura de áreas desprovidas. O Programa continua sendo a porta de entrada do Setor, mas ainda há dobradiças rangendo nas boas vindas ao usuário. SAIBA MAIS Garantir o atendimento – da melhor forma possível – é a meta dos gestores da Saúde em João Pessoa. Há problemas, porém, ainda difíceis de resolver. A gerente de Regulação da Secretaria, Cláudia Veras, explica que para consultas e exames especializados de média complexidade a marcação é feita em um período médio de 10 dias. \”Em algumas situações onde há uma demanda muito grande, como alguns exames de alta complexidade, o período é maior\”, admite. O fato é que, em João Pessoa, não existe nenhum serviço público eu ofereça exames via SUS (Sistema Único de Saúde), diretamente. E mais: para alguns procedimentos, um único prestador está disposto a firmar parceria com o serviço público de saúde, em todo o Estado. \”Isso certamente prolonga o tempo entre a autorização e a marcação\”, confirma Veras.

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